O aniversário do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) é assinalado esta sexta-feira, dia 11 de dezembro. A fim de expor o trabalho da agência em Portugal, o ComUM entrevistou a Oficial da Educação dos Direitos da Crianças da UNICEF, Leonor Costa. Além disso, falou também com Lucas Gonçalves, Diretor do Núcleo Norte dos Gambozinos – Associação Juvenil Católica, para perceber de que modo a comunidade infanto juvenil bracarense é também auxiliada.
A UNICEF foi criada inicialmente como um fundo de emergência provisório. No entanto, face à necessidade da promoção dos direitos das crianças, tornou-se numa agência das Nações Unidas de caráter permanente. Em Portugal, a agência surgiu em 1979 a partir do grupo Amigos da UNICEF e, mais tarde, tornou-se no comité português do fundo no país. Leonor Costa, Child Rights Education Officer, explica que a intervenção do comité português tem sido variada. “É um comitê que trabalha com outras organizações não governamentais e trabalha com o estado no sentido de fazer recomendações para serem garantidos os direitos da criança”, refere.
Neste aniversário, Leonor Costa, afirma que se celebra a continuidade do trabalho da UNICEF. “Acho que todos temos feito um trabalho extraordinário. Portugal tem vindo a garantir cada vez mais os direitos a todas as crianças”, afirma. A par destas garantias, a pandemia, “uma crise de direitos”, vem reforçar as vulnerabilidades que já existiam. “Algumas das crises que já se viam cada vez menos, voltam a surgir em força, como a questão da pobreza”, declara Leonor Costa. “As crianças já eram o grupo de maior risco de pobreza e a pandemia veio agravar ainda mais esta situação”, acrescenta. No entanto, os impactos da pandemia ainda não podem ser contabilizados: “ainda não temos perceção do impacto”, assegura.
A UNICEF apresenta, de entre um conjunto de iniciativas, o Programa da Educação pelos Direitos das Crianças e o Programa Cidades Amigas das Crianças. O primeiro é um projeto mais dinâmico, em que a agência se dirige às escolas e promove a participação ativa das crianças, ouvindo-as. Esta iniciativa está ativa neste ano letivo e tem “crianças a identificar questões como a fome, o medo de perder a habitação, a preocupação de sentir que os pais estão stressados dos com a Covid e os seus impactos e o acesso à informação”, explica Leonor Costa. O segundo “pretende que as câmaras desenvolvam planos de ação de quatro anos com UNICEF, no sentido de desenvolverem respostas participadas para os problemas existentes nos seus concelhos”, afirma.
Leonor Costa afirma que o primeiro caminho a adotar para ajudar é o “da colaboração e o da informação”. Apela ainda à “partilha de informação credível, importante, relevante e atual”, para que as pessoas percebam os seus papéis e possam colaborar. Além disso, defende que é necessário “respeitarmo-nos, partilhar com o outro e estar disponível para o outro”.
Os Gambozinos são uma associação juvenil Católica sem fins lucrativos, assente no voluntariado e ligada à Companhia de Jesus. Têm como missão fomentar a coesão social entre mais de 350 crianças de meios socioeconómicos e culturais diferentes, com particular ação nas regiões de Braga-Porto, Peniche-Lisboa e Pragal-Lisboa.
A associação divide-se em três núcleos: Norte, Sul e Oeste. Em cada um destes, estão assinalados os bairros em que os Gambozinos estão mais presentes, sendo que em Braga o foco é o Bairro das Andorinhas. “O objetivo nos nossos bairros não é corrigir os problemas, porque são muitos, mas saber acompanhar as famílias e as crianças oferecendo amizade, companhia e um exemplo que muitas vezes eles não têm”, esclarece Lucas Gonçalves.
“A nossa base são os campos de férias que são acampamentos de dez dias, normalmente em aldeias muito desconhecidas do país onde nos podemos isolar do mundo”, refere Lucas. Nestes acampamentos juntam-se cerca de 40 crianças com diferentes contextos sociais “sem internet, sem rede, sem telemóveis”, explica.
A pandemia obrigou a uma readaptação dos planos que tinham estabelecido para este ano. O Diretor do Núcleo Norte considera que é “uma oportunidade de pensar a fundo a missão” da associação e de a reinventar. Assim, continuam a apoiar as crianças e as famílias tanto em visitas regulares ou em atividades. “Neste momento o que estamos a fazer é um acompanhamento em mini grupos de miúdos”, explica.
Portugal apresenta várias instituições e associações que providenciam ajudas imensas às crianças e a jovens. A UNICEF, órgão das Nações Unidas, dinamiza inúmeras ações e atividades que visam promover a defesa dos direitos das crianças. Já os Gambozinos – Associação Juvenil Católica, acompanham famílias e crianças, cedendo-lhes amizade e apoio.
Artigo por: Ana Margarida Alves e Inês Batista