A fotografia faz parte do nosso quotidiano, quando vemos notícias na televisão, quando fazemos scroll nas redes sociais e até quando queremos simplesmente captar algo que vimos na rua. E, tal como todos os outros meios, a fotografia não é estática, está em constante evolução.

Neste momento, assiste-se a uma digitalização praticamente completa da fotografia. Se há uns anos as nossas prateleiras estavam carregadas de álbuns pesados, agora esses passaram a ser transportáveis no nosso smartphone. Também já não é necessário esperar dias, ou até semanas, pela revelação das fotografias. Desta forma, a instantaneidade e facilidade de acesso traduz-se na maior produção de conteúdos. Coloca-se então a questão: estará o papel do fotojornalista ameaçado perante esta nova realidade?

Num período em que impera a desinformação e existe uma constante necessidade de estarmos a par de todos os acontecimentos, creio que o papel do fotojornalista poderá estar a assumir mais relevância do que nunca. Qual é, então, a função do fotojornalismo?

Acima de tudo, informar. Os fotojornalistas são os olhos da sociedade, tendo o dever de a observar de forma transparente, imparcial e direta. Aliando-se às palavras, a fotografia permite uma compreensão mais clara e objetiva dos factos, podendo até assumir-se como protagonista. Desta forma, confirma-se o célebre, mas verdadeiro chavão, que diz que “uma imagem vale mais que mil palavras”.

Ao longo da história, podemos evocar inúmeras fotografias icónicas que ainda permanecem vívidas na memória coletiva. Isto acontece porque o ser humano reage a estímulos sensoriais, sendo mais fácil recordar uma imagem do que um texto. A necessidade de ilustrar a realidade é algo que sempre acompanhou a evolução da humanidade. Isto remete-nos para o período pré-histórico onde foram feitas as primeiras pinturas rupestres para retratar cenas do quotidiano, como por exemplo, hábitos de caça.

No contexto atual, o fotojornalismo vê-se obrigado a evoluir e acompanhar as mudanças cada vez mais acentuadas. Agora, qualquer pessoa com acesso a um telemóvel pode produzir conteúdos e o fotojornalista depara-se com funções não tão pertinentes no passado, como a desmistificação, a verificação, a filtragem e o aprofundamento da informação. O fotojornalismo mostrou-se particularmente importante no período de confinamento nacional devido à pandemia de Covid-19, visto que retratou com objetividade os acontecimentos fora das nossas quatro paredes.

Ao contrário do que possa parecer, o fotojornalismo não é algo do passado. Os tempos mudaram, mas a necessidade de informação fiável, objetiva e clara não. É parte fundamental da sociedade. Não pode ser substituído ou dispensado. Posto isto, pode afirmar-se que o fotojornalista enfrenta um grande desafio: o de praticar a verdade em tempos de desinformação e abundância de conteúdos.