O ComUM esteve à conversa com o movimento  “Ajudar com Vida” e com a loja de pronto a vestir Jorge Lima.

O Natal remete-nos para uma palavra: partilha. Essa partilha assume várias formas, como a partilha de presentes entre familiares e amigos, mas é também uma época da partilha em forma de solidariedade, onde a ajuda de quem mais necessita é feita de várias formas.

Num ano atípico como o que vivemos, há a necessidade de perceber de que forma é que o Natal está a ser encarado, como é que a partilha nos seus vários significados é expressa. O movimento  “Ajudar com Vida” e a loja de pronto a vestir Jorge Lima ajudam a encontrar uma resposta a esta questão.

O Natal no Comércio de Rua

Jorge Lima, proprietário de uma loja de pronto a vestir com o seu nome, no centro da cidade de Braga, explica que a afluência ao seu negócio quebrou, “porque estamos numa pandemia” e com as restrições impostas, as vendas caíram ainda mais. “Melhorou em relação a outros meses, mas mesmo assim quebrou”, sublinha. No que toca à procura das pessoas pelo comércio tradicional, Jorge Lima salientou que “mantém-se igual, há uma pequena diferença mas com pouca expressão”, explicando que os hábitos de ir ao comércio de rua ou aos grandes espaços comerciais mantêm-se , apesar da mudança de paradigma.

Para Jorge Lima, a grande diferença não está entre o comércio de rua e o comércio em grandes superfícies. Para si, “comércio é comércio”. A seu ver, “a separação de conceitos dá-se entre o físico e o digital”. E para si, essa é uma das mudanças trazidas pela Covid-19, mudança essa que se deve ao medo nas pessoas e que é uma mudança que veio para ficar.

De maneira a fazer frente à situação atual, e a um Natal com um decréscimo no negócio, há “um incremento maior nas vendas digitais” , pois para si, o medo causado pela pandemia fez esta forma de comércio ganhar outra visibilidade. Porém, para si, devido à Covid-19 o online é algo “que demoraria em 6 ou 7 anos, mas aconteceu em 6 meses”, no entanto, o medo da pandemia impulsionou esse tipo de comércio. Uma maior gestão na relação compras- vendas de forma a “minimizar o risco”, e o investimento em peças mais personalizadas e exclusivas são também outra forma de adaptação à nova realidade.

“Persistência e resiliência” são as palavras com que Jorge Lima descreve para o futuro. A esperança de melhorias a nível sanitário vêm acompanhadas da sua visão de que “a curto prazo não se vê incremento de consumo nas lojas físicas, visto que a pandemia se pode arrastar nos próximos meses”.

A solidariedade

Beatriz, de 20 anos, faz parte do movimento “Ajudar com Vida”, um projeto recente que junta doze jovens de Barcelos na ajuda a famílias desfavorecidas. A iniciativa consiste em colocar pontos de recolha em vários locais do Concelho de Barcelos e doar a quem necessita. A ideia surgiu ” porque se começou a perceber que o Covid-19 trouxe muitas dificuldades às famílias”, revela Beatriz. A história de uma pessoa que pediu dinheiro para pagar o quarto da filha universitária foi a gota de água para que algo começasse a ser feito. “Caiu-me a fixa”, explica.

Numa altura em que as pessoas mais precisam, “começou a haver muita adesão” por parte das pessoas. Os integrantes do projeto foram descobrindo que muitas das associações estão em rutura de stock e “havia de facto muita necessidade este ano”, daí uma maior aposta em tentar fazer a diferença e ajudar.

O objetivo de Beatriz e dos seus colegas passa por que “todas as famílias sentissem que têm um Natal normal” , onde o calor do Natal e a felicidade chegasse a todos, nomeadamente às crianças.

No que toca a perspetivas de futuro, Beatriz sublinha: “Nós queremos continuar, utilizamos o Natal como o mote, porque nesta altura é mais fácil apelar ao coração das pessoas”. Há ideias de ações diferentes como a reformatação de aparelhos eletrónicos para doar, por exemplo. O mais importante “é que isto não pare”.