A um dia do Natal, na correria para terminar de comprar todos os presentes, há sempre algum que fica a faltar. Nestes momentos, os livros são sempre uma boa solução para, mais do que uma simples prenda, oferecer histórias e viagens que duram o tempo que o leitor quiser. O ComUM preparou então as dez melhores sugestões de livros para oferecer este Natal.
Mulherzinhas (1868) – Amor, coragem e união são as palavras que podem descrever o livro. A obra de Louisa May Alcott retrata a história das irmãs Meg, Jo, Beth e Amy, que sofrem dificuldades económicas e familiares com a partida do pai para a guerra civil. Mesmo com estes obstáculos, as jovens mantêm o rumo em direção à felicidade, sem colocarem em causa os seus valores e sonhos. O romance de literatura infantil aborda sobretudo a infância e adolescência das irmãs, que crescem no seio de uma sociedade marcada pelos horrores da guerra civil americana. Apesar do século em que a obra é escrita, a sua leitura é fácil e a é escrita simples, não existindo qualquer tipo de obstáculo na compreensão do enredo (Título Original: Little Woman).
O Natal de Poirot (1938) – O livro de Agatha Christie é perfeito para os amantes de romances que gostam da sua pitada excecional de mistério policial. Hercule Poirot, o famoso personagem das obras de Agatha vê-se preso num jogo de “Quem é quem?”. Numa sala rodeada de pessoas desconfiadas, tem de encontrar o assassino de Simeon Lee, que é morto durante a reunião familiar, na véspera de Natal. Agatha Christie tem uma forma de escrever detalhada, cujos pormenores parecem insignificantes no início, mas que acabam por complementar a história e dar lhe aquele toque de mistério. A leitura desta obra, que faz parte do conjunto de livros que deu à personagem Poirot, o título de Melhor Série Policial, é aconselhada para um daqueles serões junto ao calor da lareira (Título Original: Hercule Poirot’s Christmas).
O Peru de Natal (1942) – Chegamos agora ao mundo literário brasileiro, através das palavras de Mário de Andrade, ficamos a conhecer a história de um Peru de Natal. Distante da comédia, apesar do seu título sugestivo, esta obra conta-nos a história de muitas famílias. Narrado na primeira pessoa, conhecemos a memória do primeiro natal de família, após a morte de um progenitor. Além da carga emocional perceptível, são exploradas as bases da relação familiar, as mudanças e as consequências a elas intrínsecas. Apenas para contextualização, vamos conhecer um pouco da intimidade desta casa – “Nós sempre fôramos familiarmente felizes, nesse sentido muito abstrato da felicidade: gente honesta, sem crimes, lar sem brigas internas nem graves dificuldades econômicas. Mas, devido principalmente à natureza cinzenta de meu pai, ser desprovido de qualquer lirismo, de uma exemplaridade incapaz, acolchoado no medíocre, sempre nos faltara aquele aproveitamento da vida”.
Como o Grinch Roubou o Natal (1957) – Creio que, hoje em dia, não haverá uma única pessoa que não reconheça o rabugento Grinch. Isso devemos a Dr. Seuss que, em 1957, nos apresentou esta caricata personagem. Independentemente da leitura prévia de How the Grinch Stole Christmas!, todos nós tivemos contacto com a obra, quer seja através da curta-metragem de 1966, do filme de animação de 2000 ou da renovada fantasia de 2018. Apesar da premissa ser já hoje conhecida, não faz mal relembrar o trama: esta criatura verde odeia o Natal e faz de tudo para terminar com as suas festividades. Por entre variados esboços de sorrisos, apercebemo-nos da tentativa do autor para alertar os seus leitores para a ganância desmedida, o comercialismo e o consumismo despercebido, mas mais do que real. Além de explorar estas questões de extrema importância, somos presentados com ilustrações características da época, desenhos a caneta e tinta. Infelizmente, as suas versões modernizadas poderão desiludir algum do seu público (Título Original: How The Grinch Stole Christmas).
A Noite de Natal (1959) – Com ilustrações de Maria Keil, A Noite de Natal corresponde a mais uma obra de culto de Sophia de Mello Breyner Andresen. A sua narrativa é bastante simples: por entre as deliciosas palavras da escritora, é-nos contada a história de uma menina que vivia sozinha e, um dia, encontrou um amigo. Chegou o dia de Natal e Joana descobriu que o seu novo amigo era o menino Jesus. “E Joana viu o seu amigo Manuel. Estava deitado nas palhas entre a vaca e o burro e dormia sorrindo. Em sua roda, ajoelhados no ar, estavam os anjos. O seu corpo não tinha nenhum peso e era feito de luz sem nenhuma sombra”. Atrevo-me a dizer que, com esta obra, Sophia de Mello Breyner Andresen conseguiu transpor as complexas histórias bíblicas, tal como a Parábola do Bom Samaritano, para um discurso mais do que percetível para as crianças.
Eu Dou-te o Sol (2014) – O livro retrata a história de dois gémeos, alternando entre dois períodos da vida deles. Jandy Nelson apresenta, de uma forma brilhante e peculiar, todos os percalços de uma adolescência, como lidar com a morte e com descobertas sobre a sexualidade. A sua escrita faz com que o leitor sinta verdadeiramente na pele tudo aquilo que os jovens passaram, tornando as personagens tão próximas deste que se torna inevitável apegarmo-nos a cada uma delas (Título Original: I’ll Give You the Sun).
O Rapaz à Porta (2018) – O livro conta-nos a história de uma mãe que encontra um menino abandonado à entrada da piscina onde os seus filhos estão inscritos. A obra mostra subtilmente o que uma pessoa é capaz de fazer por um segredo. Além disso, desafia muitas vezes a mente do leitor, levando-o a questionar o seu próprio entendimento do livro. A escrita de Alex Dahl é deveras rica e fluída, o que faz com que o leitor fique agarrado ao livro desde as primeiras páginas (Título Original: The Boy at the Door).
A Paciente Silenciosa (2019) – O primeiro livro de Alex Michaelids, lançado em 2019, rapidamente se transformou num sucesso a nível mundial. A obra conta a história de Alicia Berenson, que há 6 anos matou o marido e, desde então, não diz uma palavra. Com o inverno inglês como pano de fundo, vagueamos, através do ponto de vista do psicoterapeuta de Alicia, por uma instituição psiquiátrica de alta segurança, o que nos transmite uma sensação de claustrofobia. A Paciente Silenciosa é um ótimo livro de entretenimento que, ao mesmo tempo, nos ensina tanto sobre a saúde mental e os limites que o ser humano é capaz de atravessar (Título Original: The Silent Patient: The First Three Chapters).
Querido Mundo (2018) – A obra da autoria de Bana Alabed, uma menina da Síria, permite-nos ver a realidade que conhecemos mas não presenciamos. A toca-nos no coração, não só por ser contado por uma criança, como também por apelar a um direito que deveria ser comum a todos nós: a paz no mundo. Querido Mundo é uma mensagem forte para o nosso mundo, para que a voz de quem presencia este terror não seja esquecida (Título Original: Dear World: A Syrian Girl’s Story of War and Plea for Peace).
O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984) – É um clássico da literatura portuguesa, escrito por José Saramago, que recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 1998. O livro trata-se de um romance, onde a personagem principal é o heterónimo de Fernando Pessoa, Ricardo Reis, que se divide entre a criada do hotel, Lídia, e uma hóspede do mesmo hotel que tem a mão esquerda paralisada, Marcenda. Durante a obra desenvolvem-se diversas deambulações sobre a vida, a morte, o sonho entre outras, aquando dos encontros entre Ricardo Reis e Fernando Pessoa.
Artigo por: Ana Beatriz Teixeira, Ana Margarida Alves, Bruna Sousa, Diana Carvalho, Margarida Completo, Maria de Pinto Freitas, Maria Sá e Patrícia Bessa.