A 4 de dezembro, KATIE lançou o segundo EP Our Time is Blue. Mais uma vez, a jovem cantora sul-coreana trouxe consigo o R&B, o soul e o jazz, que sempre influenciaram a sua vida, e a voz viciante que provoca a loucura nos fãs. A produção visual e o conceito predominante do EP são uma história no espaço intergaláctico sobre androides, contada em banda desenhada.

O extended play é inaugurado pela cintilante e nostálgica “Classic”, que provoca em nós um êxtase em que vemos estrelas ao nosso redor. Katie afirma «Quando ouço “Classic” e a canto, eu penso nos meus dias de universidade e todas as músicas que eu costumava ouvir.». A nostalgia e as memórias emanam neste som super chill, tal como canta: «Do you hate the songs/On the radio/Cause they never feel/Like they did before/Taking it back to the classic».

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“Our Time” é o lead single deste curto EP. Katie explica: «Eu inspirei-me em filmes e livros românticos que falam sobre amor. Apesar de eu, pessoalmente, nunca o ter experienciado, eu tentei-me colocar nesse lugar e pensar versos incríveis para a melodia». Comprova-se que a cantora realiza um trabalho incrível em tentar idealizar um romance que nunca viveu.

Segue-se a sensual “Blue”, uma colaboração com o cantor holandês Leven Kali. Na faixa, é percetível o constante toque duma guitarra e os instrumentos de cordas orquestrais que nos contagiam a dançar no azul da vida. A mistura entre o instrumental celestial e as vozes dos dois cantores combinam-se perfeitamente, sendo o resultado a nossa ascendência ao céu azul sempre que ouvimos esta bela melodia.

“Faux” concretiza a ideia do espaço sideral. O início acompanha perfeitamente a decolagem de um foguetão, uma vez que é construído um fade in potente, porém elegante. Não só é a música mais feroz e, melodicamente, forte com sintetizadores a agitar o refrão e uma guitarra elétrica a iluminar a bridge, como também é a letra em que Katie larga o romance e solta um diss explícito para a antiga gravadora, YG Entertainment.

É, sem dúvida, um mood changing entre as faixas românticas. São metáforas nada discretas, mas repletas de classe que a artista canta: «Coming at me shallow/Asking me to follow you down/Asking me to burn to the ground». Após vencer a quarta edição do programa K-pop Star, em 2015, era suposto a artista tornar-se uma estrela no mundo K-Pop, porém a papelada caiu durante o caminho e a jovem percebeu que não queria ser uma cantora que canta em coreano.

“Teach A Man” é a música favorita da cantora admite ela: «Eu amo imenso “Teah A Man”». Embora, voltemos às palavras românticas que estavam presentes no começo do álbum, o tom arrojado apresentado nesta música cria um novo ambiente. Reflete-se quase que um certo empoderamento presente em versos como: «What’s your excuse/For not reaching me» e «You should know by now/How to treat a woman».

“Lullaby” não é uma lullaby convencional caracterizada pelo instrumental relaxante e que nos adormece num segundo. É um tema mexido com trompetes a tocar no refrão e umas pingas de trap ao longo dos dois minutos e 45 segundos. Não é a melhor música do álbum e, ainda que não comece da forma mais agradável, é a melodia perfeita para encerrar esta obra de arte em que o R&B é rei.

Our Time is Blue é mais uma grande concretização de Katie que se tem vindo a consolidar, lentamente, no panorama da música mundial. Pode parecer um trabalho repetitivo à primeira audição, porém vamo-nos apercebendo de que é uma produção original e diversificada, sem fugir à imagem de marca de Katie, o R&B e o soul. Katie é, definitivamente, uma artista subestimada, mas o mundo está a começar a dar valor ao talento da cantora. Este ano, Katie assinou um contrato com a Columbia Records, lar de Beyoncé e Adele. Esperemos que Katie continue a dar-nos o melhor de si que expressa na música.