Tal acontece após denúncia de racismo, numa praxe minhota, por parte do movimento Quarentena Académica.

O Bloco de Esquerda (BE) requereu esta quarta-feira a audição no Parlamento do reitor da Universidade do Minho sobre o episódio de blackface da praxe de Biologia e Geologia. Para além disso, o partido quer também ouvir o responsável máximo da academia minhota sobre a praxe académica.

A praxe, enquanto ritual académico, está presente em muitas instituições de ensino superior, público e privado. “Momentos de entrada no ensino superior, de absoluta exceção, onde parece tudo ser permitido”, afirma, no entanto, o BE no requerimento de audição.

O documento refere também que as praxes académicas têm sido, nos últimos anos, alvo de um “crescente debate público” e de várias medidas restritivas. “Apesar de todos estes passos dados, os abusos persistem”, denota o Bloco.

O partido relembra ainda que o Ministério da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior da X Legislatura (2005-2009) “enviou às instituições de ensino superior um memorando” a responsabilizar as escolas pela ocorrência destes problemas. Em consequência, “muitos Conselhos Diretivos decidiram proibir as praxes académicas no interior das universidades e politécnicos”.

Assim, com esta audição, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda pretende “apurar os mecanismos já postos em causa para investigar o caso”. O BE quer também debater outras formas “mais preventivas” para combater estes incidentes.

Recorde-se que, na Universidade do Minho, a praxe de Biologia e Geologia promoveu uma atividade em que os alunos de primeiro ano (caloiros) se pintaram de preto. Este comportamento, conhecido como blackface, foi considerado “claramente racista” pelo Bloco de Esquerda e outras entidades. “Este tipo de práticas não podem ser aceites no Ensino Superior Público nem numa sociedade democrática e tolerante”, esclarece o partido.