A Associação Comercial de Braga regista uma quebra de faturação nos setores do comércio, turismo e serviços de cerca de 300 milhões de euros, desde o início da pandemia até ao final de outubro.

As medidas de contingência implementadas pelo Governo “afetam gravemente”
inúmeros negócios. Os agentes económicos que se dedicam ao comércio não alimentar,
a restauração, os estabelecimentos de bebidas, o alojamento, os transportes, as
atividades culturais, os eventos e muitos mais, são algumas das atividades que sofrem
com as consequências da pandemia.

Em entrevista ao ComUM, o diretor geral da Associação Comercial de Braga (ACB), Rui Marques, afirma que “com o agravamento das medidas de contingência, será inevitável a destruição de capacidade produtiva e emprego na economia bracarense”. “Dito de outro modo, poder-se-á dizer
que sem clientes, sem mercado e sem receitas muitas empresas dificilmente
conseguirão sobreviver”, acrescenta.

Questionado se a Câmara de Braga tem algum tipo de verbas ou outro tipo de apoios
para ajudar os comerciantes, Rui Marques confirma que a Câmara de Braga, dentro das
suas possibilidades, “procedeu à isenção de taxas e licenças municipais para o comércio
e restauração, até 31 de dezembro de 2021, que representa uma perda de receita
municipal na ordem de 1 milhão de euros no conjunto dos dois anos”. No entanto, o
diretor geral da ACB menciona que “a intervenção das autarquias tem sido muito
relevante e próxima, mas não se pode exigir que substituam o Governo”.

No que toca aos setores mais afetados pelas medidas de contingência esclarece que
“esta crise é transversal à generalidade dos setores de atividade económica”, mas
destaca “o comércio a retalho não alimentar, os serviços dirigidos ao consumidor final,
a restauração, o alojamento, as agências de viagens, a animação turística e as empresas
de organização de eventos” como as atividades que registam quebras mais profundas.

Em relação aos prejuízos que as medidas de contingência provocaram na cidade de
Braga, desde o início da pandemia até ao final de outubro, regista-se “uma quebra de
faturação nos setores do comércio, turismo e serviços de cerca de 300 milhões de
euros”. O diretor afirma, ainda, que o setor da restauração “regista uma quebra de
faturação acumulada de cerca de 41% face a período homólogo”. “No alojamento a
quebra supera os 55% e registou uma quebra de quase 280 mil dormidas face a igual
período do ano transato”, destaca.

Rui Marques considera “fundamental” que se introduzam estímulos à procura e medidas
de apoio adicionais. Algumas delas passam por “assegurar o perdão de 50% das rendas
comerciais entre abril de 2020 e março de 2021”; “triplicar os valores previstos para o
programa APOIAR.PT”; “entrega dos valores do IVA, correspondente ao IVA
efetivamente cobrado”; “redução de custos de contexto ao nível fiscal, em particular,
suspensão das obrigações administrativas relativas ao SAFT e QR Code”, entre outras.

Artigo por: Joana Lopes e Tiago Picas