Rui Massena tocou, esta sexta-feira na Zet Gallery, na pré-inauguração da obra de João Louro num concerto intimista. Em conversa com o ComUM o músico falou da experiência, das mudanças sentidas pela pandemia bem como das expectativas e projetos do próximo ano.

ComUM – Este é um concerto mais intimista. Já tinha tido a oportunidade de tocar num concerto-exposição? Quais são as expectativas?

Rui Massena – Eu diria que isto não é um concerto, isto é um momento artístico que abre a exposição de João Louro e, portanto, é um cruzamento muito interessante entre duas artes, as artes plásticas e a música. A grande novidade deste concerto é que ele vai ser transmitido em streaming também, ou seja, para as pessoas aqui presentes e para fora. E portanto, é um momento interessante.

ComUM – Sente que esta fusão das duas artes, tal como referiu é importante?

Rui Massena –Eu penso que a música tem esta capacidade de deixar viajar e as artes plásticas também. Deixa-nos fazer uma viagem. E as duas ajudam a refletir sobre o mundo, a entender o mundo sobre a visão de cada um dos artistas e portanto, naturalmente quando as artes se fundem e se encontram são ainda mais fortes. Julgo que as pessoas que aqui estão hoje e que estão a assistir conseguem ser desafiadas quer pelo meu mundo, quer pelo mundo do João Louro.

ComUM – Gosta mais deste género de concertos, mais intimista, para um menor número de público ou prefere grandes salas com um público mais diverso?

Rui Massena – São coisas diferentes, contextos diferentes. O contexto de tocar num museu, numa galeria é um contexto importante porque é uma casa de artes. O contexto de tocar num teatro é por assim dizer, o seu habitat natural. Quanto toquei no Theatro Circo em Braga, ter o Teatro cheio com a respiração das pessoas, sentir as pessoas e vários tipos de pessoas, esse é o meu habitat natural, obviamente.

ComUM – Acha que a sua música consegue chegar a um público diverso ou sente que é mais dedicada a determinado tipo de público?

Rui Massena – Nas minhas composições originais há uma prateleira que se chama neoclássica portanto é uma música feita nos nossos dias e eu tenho felizmente muita gente nova, penso que até será a maioria ou talvez meio-meio que assiste à minha música, que ouve a minha música para estudar, para cozinhar, e quando se quer tranquilizar. Penso que a minha música tem este lado de ser uma música que eu faço porque consigo de alguma forma trabalhar nesse lado, de uma certa tranquilidade por isso eu julgo que é uma música para aos jovens que estão a estudar, é uma música que pode ser uma boa companheira.

ComUM – Sempre quis ser músico/artista?

Rui Massena – Só me conheço como músico e portanto sempre toquei e sempre senti que a música tem o grande poder de unir as pessoas e é uma linguagem que não tem palavras e portanto, basta que nós sintamos e gostemos para sermos mais felizes.

ComUM – É pianista, compositor e maestro. Se tivesse de escolher uma das três qual delas seria?

Rui Massena – Eu acho que como diria Fernando Pessoa “Eu sou um compositor, com uma orquestra dentro”.

ComUM – Em relação à pandemia, é impossível não falarmos uma vez que alterou a vida de toda a população e os artistas sofreram muito com isso. No seu caso, o que mudou?

Rui Massena – Mudou o nosso entendimento da sociedade, a nossa oportunidade de ir às salas tocar, os artistas têm que ir às salas para tocar a sua música. Isso fez com que muita gente ficasse sem trabalho e, portanto, é impossível, é no fundo nós querermos trabalhar e não conseguirmos. E eu acho que no pós-pandemia, vendo a luz ao fundo do túnel, as pessoas se vão muito mais ligar às atividades do espirito porque vão perceber que é exatamente isso que nos liga e é por isso que os concertos e a vida em sociedade depende muito das artes para ser uma vida mais feliz com mais reflexão, mais informada e elevada sobretudo.

ComUM – Quais são as expectativas para o próximo ano?

Rui Massena – São as melhores porque eu espero, quando isto terminar, se é que isto vai terminar algum dia da forma que conhecemos nos traga exatamente este desejo de querer fazer mais, de querermos estar juntos, de nos voltarmos a abraçar e é isso que eu desejo.

ComUM – E projetos para o futuro?

Rui Massena – Muitos. Tenho um disco que há de sair em fevereiro e, portanto, convido a malta da universidade a passar num dos meus concertos e a experimentar a minha música.