O espetáculo homenageou a artista norte-americana, relembrando alguns dos temas mais impactantes da sua carreira.
O Theatro Circo, em Braga, recebeu no final de tarde desta sexta-feira, 11 de dezembro, um espetáculo de tributo a Nina Simone. “A Voice for Freedom” foi protagonizado pela cantora portuense Sara Miguel, acompanhada pelos músicos Michael Ross (contrabaixo), Gonçalo Moreira (piano), Mário Costa (bateria), Javier Pereiro (trompete) e João Mortágua (saxofone).
Em comemoração do Dia Internacional dos Direitos Humanos, assinalado esta quinta-feira, o espetáculo teve como mote o legado da artista afro-americana. Enquanto compositora, cantora e pianista, Simone usou o jazz como estilo para a sua música de intervenção e luta pela liberdade e igualdade de direitos dos negros.
Em palco, o concerto foi apresentado como uma “história em três atos: a Nina como mulher, música e ativista”. Desta forma, os primeiros acordes que soaram foram de “To be young, gifted and black”, tema que não deixou ninguém indiferente pela sua mensagem de empoderamento negro.
Seguiu-se “Lilac Wine”, uma prova, nas palavras de Sara Miguel, do “caleidoscópio de doçura, talento e criatividade” que descreve Simone. “Be my husband” e “Ain’t got no (I got life)”, por seu turno, conseguiram preencher o teatro com a “força anímica” da homenageada.
Em seguida, foi a vez de se ouvir “Strange Fruit”, tema que expõe o sofrimento e a violência contra os negros nos Estados Unidos da América. “Work Song” e “Four Women”, as canções que se seguiram, mostraram a resiliência das mulheres afro-americanas sob a opressão e a injustiça social.
“Mississippi Goddamn” e “Backlash Blues” entoaram, depois, a voz ativista e provocadora de Nina Simone, seguindo-se “I wish I knew how it would feel to be free”. “Everything must change” e “Feeling Good” terminaram o concerto, deixando no público a “semente” da liberdade e do “amor em vez da divisão”.
Ao longo do espetáculo, algumas fotografias e vídeos de Simone pontuaram as músicas e assinalaram a presença da artista. Estas projeções audiovisuais estiveram a cargo de Edmundo Diaz e Eddie Oleque.
“O propósito deste espetáculo é abrir consciências. Se há cem anos o racismo e a desigualdade atacavam a população negra nos Estados Unidos, hoje continuam a atacar na cidade de cada um de nós”, constatou Sara Miguel, em declarações ao ComUM. “É agora a hora de fazer com que isto mude radicalmente para sempre; e nós queremos ser uma voz a ajudar a mudança”, concluiu.