Depois de três anos sem nenhum projeto, a banda portuguesa D.A.M.A escolheu outubro de 2020 para o público conhecer o novo álbum. Sozinhos à Chuva leva-nos por uma viagem a dois por bons e maus momentos. Atravessamos vários ritmos e encontramos artistas portugueses que colaboraram no quarto projeto do grupo masculino.

Sete das 19 faixas tratam-se de pequenas partes da história, apresentando-se como instrumentais de não mais de um minuto. O grupo comprometeu-se a compor uma obra que fosse possível ouvir do princípio ao fim sem se aperceber da transição entre músicas. Fizeram isso de uma forma excelente, valorizando bastante o álbum.

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Iniciam com “Intro”, o que parece ser uma noite de fados. O típico barulho da conversa de café é interrompido pelos pedidos de silêncio do público. Daí partimos para um minuto de guitarra envolvente. Das palmas e rejúbilos do público passamos para “Sozinhos à Chuva”. A colaboração com Mike 11 e T-Rex é uma mistura bela de fado, rap e ritmos africanos, sendo uma das melhores do conjunto.

O ritmo acalma em “Então E Tu”. A faixa de 40 segundos é um solo de Miguel Coimbra. Ouve-se barulhos de tempestade de perpetua a sensação de estarmos à chuva. Com esta música entramos numa fase mais triste e melancólica do conjunto.

O desamparo de não ter quem gostamos à nossa volta e da perda é retratado em “À Solta”. A colaboração com Ivo Lucas e Bárbara Bandeira é uma balada com a típica batida do grupo. Depois deste momento, o ambiente ilumina-se em “Coisas Normais” com Carolina Deslandes. É uma música bem simples e agradável que conta a rotina que se cria entre um casal. A voz doce de Deslandes eleva esta faixa a algo bonito.

A nona faixa começa com um piano novamente nostálgico. “O Que Foi” é uma excelente amostra daquilo que os três conseguem fazer a nível instrumental e vocal. Apesar do começo misterioso, rapidamente somos envolvidos com batidas e ritmos diferentes.

Ouve-se um rádio a sintonizar em que se percebe as diferentes músicas do grupo em “Aceitação”. Este zapping entre frequências para em “Mar De Rosas”. O trap mistura-se com o piano criando um ambiente expectante e fica-se a querer saber mais do desfecho deste episódio da história. Subitamente ouve-se sons de um monitor do hospital que nos transporta para “Faz De Conta”. A colaboração com Nelson Freitas resulta muito bem com os ritmos já conhecidos dos D.A.M.A.

A onda de trap e hip hop intensifica-se em “Deve Ter Sido Engano”, um trabalho em conjunto com o jovem rapper Lutz. É interessante ver o grupo neste género e mostra uma grande versatilidade comparada às típicas baladas.

Em “Jura/Gota d’Água” observa-se uma luta entre um casal e vemos o lado de cada um. Uma parte diz “não desistas já de mim” enquanto a outra diz “foi a gota de água”. Para esta faixa, junta-se novamente Bárbara Bandeira que torna esta história mais realista.

Termina-se de forma muito bonita com “Para Ti”. Esta música acompanhada apenas pela guitarra é, no fundo, uma reminiscência dos D.A.M.A de 2016, mas com uma letra mais realista. No final, sentimos que algo ficou em aberto e esperamos que a próxima faixa inicie. Apesar disso, não deixa de ser uma forma doce de fechar.

Sozinhos à Chuva é mais um exemplo de álbum cuja data de lançamento foi reagendada. Inclusive, houve cinco singles que foram lançados desde janeiro que acabaram por não fazer parte do conjunto das 19 faixas.

Desde a sua formação, os D.A.M.A fazem delícias musicais e contribuem positivamente para a música portuguesa. Antes de publicar este projeto, os três elementos do grupo masculino estiveram separados durante um ano de modo a se concentrarem nas suas vidas pessoais. Depois desta pausa, voltaram com mais potencial criativo, resultando neste projeto excecional.