Um Caderno para o meu Filho estreou-se na Netflix a 24 de novembro. Produzida por Carlos Sorin, a longa-metragem retrata uma história real de María Vasquez. O filme conta com os atores Valeria Bertuccelli e Esteban Lamothe.
O cinema argentino, a meu ver, não costuma ser muito apelativo. No entanto, a história emocionou a Argentina e o realizador depois de adaptá-la ao ecrã, foi vista em várias partes do mundo.
María (Valeria Bertuccelli) ao ver a sua vida está a chegar ao fim, pede um caderno e começa a escrever notas destinadas ao seu filho Tomy. Face à morte iminete, María e a sua família apenas têm a opção de tentar lidar, o melhor possível, com a situação. A verdade é que o filme saiu-se bem diante da missão de evitar a construção de um drama apelativo.
Um Caderno para o meu Filho não carrega nada de inusitado, foge das apelações e não só se aproxima do espetador com a realidade, mas é o retrato de uma história real. O realizador optou por trazer tudo de maneira crua e sem arrodeios. O próprio roteiro baseia-se num facto público e não procurou enchê-lo de frases complexas e diálogos expositivos. Está tudo ali, nu, claro.
O filme é bastante doce, não fosse pela sua sinopse. A longa-metragem apresenta uma narrativa forte e bonita. No entanto, afoga-se numa frieza, acabando por não conquistar totalmente o espectador.
As prestações foram, sem dúvida, muito boas. Porém, Valeria Bertuccelli acaba por levar os louros. Ao compreendermos que a morte da sua personagem é iminente, a sua prestação ganha, logo de imediato, ainda mais força, tornando-se ainda mais credível. No entanto, um fator que é essencial é criar empatia emocional com o espectador e, por muito boa que a prestação da atriz seja, todo o restante material de Um Caderno para o meu Filho acaba por não conseguir esse feito.
A obra cinematográfica é curta, o que faz com que os momentos entre mãe e filho sejam poucos. E, se lermos o título, sabemos que Tomy é uma personagem essencial. Não há nada igual como o amor de uma mãe pelos seus filhos. Mas na verdade, apesar da história ser tocante e forte, acaba por perder a sua força emocional. Não nego que o filme tem uma premissa bastante bonita, mas revela-se superficial a mostrar e transmitir sentimentos.
A longa-metragem fica aquém das minhas expectativas. Não me colou ao ecrã e não senti que estava a viver a história. Acabou por ser mais um filme dramático com uma ideia emocional sem sucesso. Uma concretização gélida, sem grande sabor. Na verdade, são 84 minutos de filme que mostram desinteresse pelas emoções.
Título Original: El cuaderno de Tomy
Realização: Carlos Sorin
Argumento: Carlos Sorin
Elenco: Valeria Bertuccelli, Esteban Lamothe, Julián Sorín
Argentina
2020