Financiamento mantém-se desde 1992 e assegura uma disparidade entre animais carismáticos e os restantes.

Os dados que apoiam esta conclusão surgem num artigo científico da revista Proceedings of the Royal Society B”. A partir deste deduz-se que o financiamento estabelecido favorece os animais carismáticos como o urso, o lince e o lobo e secundariza os restantes. Assim, a União Europeia necessita de uma nova estratégia para preservar e manter a sua biodiversidade.

O artigo “Towards a taxonomically unbiased European Union biodiversity strategy for 2030” foi desenvolvido por portugueses da Universidade do Minho, Porto e Helsíquia. Contou com Ronaldo Sousa, professor do Departamento de Biologia da Escola de Ciências da UMinho e Pedro Cardoso, da Universidade de Helsínquia. A iniciativa surge de uma avaliação dos projetos do Programa LIFE para espécies animais que foram financiados pela União Europeia entre 1992 e 2018.

“Towards a taxonomically unbiased European Union biodiversity strategy for 2030” infere que a ajuda cedida a projetos com espécies vertebradas foi seis vezes maior do que com invertebrados (970 versus 150 milhões de euros). Além disso, aves e mamíferos assumem-se como 72% das espécies contempladas e 75% do orçamento total atrívuído. O urso (Ursus arctos), o lobo (Canis lupus), o abetouro (Botaurus stellaris), o lince euro-asiático (Lynx lynx) e o lince ibérico (Lynx pardinus) são as espécies que apresentam mais fundos. Em contrate, o financiamento apoiou 23% dos invertebrados, dos quais 0.06% são da União Europeia.

Segundo os autores do artigo, há uma “necessidade premente” de a União Europeia alterar o apoio cedido às diferentes espécies. Para tal, precisa de rever a lista de espécies inserida na Diretiva de Habitats, a fim de criar uma aposta financeira mais equitativa, de diminuir as diferenças entre vertebrados e invertebrados e de aumentar o envolvimento dos cidadãos.