Ser estudante é questionarmo-nos constantemente: “E depois da universidade?”. Vivemos numa constante incerteza que vai tomando cada vez mais lugar na nossa cabeça à medida que os anos passam.
Por norma, com apenas 18 anos, entramos no Ensino Superior, sem saber muito daquilo que está por vir e o que a universidade nos reserva. Conhecem-se pessoas novas e entramos em contacto com uma realidade igualmente nova, que nos faz ganhar mais maturidade. Mas aquilo que não esperamos é toda a pressão associada.
No meio de trabalhos a entregar, frequências e apresentações, começa a nascer em nós a questão do que queremos fazer no futuro. A pressão aumenta cada vez mais e começamos até mesmo a comparar-nos com os outros, a achar que estamos a ficar para trás.
Sinto que esta pressão e incerteza está a triplicar na cabeça dos estudantes, ou pelo menos na minha, quando a pandemia de Covid-19 nos pôs a todos de quarentena. Tendo aulas num formato 100% online, os alunos tiveram de aprender a ser um pouco mais autodidatas. O professor poderia até estar disponível para fazer sessões de esclarecimento, mas não tínhamos o docente fisicamente ao nosso lado, a ensinar-nos, passinho a passinho, o que devíamos ou não fazer.
Numa área essencialmente prática como é a minha, a de Audiovisual e Multimédia, era completamente necessário a vertente presencial. O YouTube passou a ser o meu melhor amigo, para aprender a trabalhar com os programas da Adobe. Acredito que, como eu, existem muitos mais alunos na mesma situação.
Chegamos então à pergunta que tanto inquieta: esforçamo-nos para acabar um semestre em casa, esforçamo-nos para aprender o máximo possível neste regime misto, mas até que ponto as empresas vão valorizar uma licenciatura feita em contexto de pandemia? Numa contínua indefinição sobre o futuro, lutamos para valorizar cada vez mais aquilo que fazemos na licenciatura. Tentamos fazer valer os nossos trabalhos práticos para poder mostrar que, mesmo em tempo de pandemia, conseguimos desenvolver da melhor maneira as nossas capacidades.
Num mundo onde já era difícil para um jovem licenciado arranjar trabalho, visto que as empresas procuram sempre alguém com experiência, não estando dispostos a contribuir para a mesma, com a pandemia esse mesmo problema agravou-se. As empresas contratam cada vez menos pessoas, porque têm cada vez menos lucros. Consequentemente, as pessoas com experiência serão sempre as que têm prioridade no meio das poucas pessoas contratadas. Vivemos portanto numa constante pressão num futuro de incertezas.