Entre os assuntos debatidos destacaram-se a pertinência do ato eleitoral, a realização de debates e as ideologias defendidas pelos candidatos. Do mesmo modo, a conversa também cingiu na resiliência dos portugueses à imposição da extrema-direita.

Esta terça-feira, dia 19 de janeiro, a Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) realizou uma “Academia à conversa”, com transmissão em direto da sua página de Facebook. Sob a questão “O que está em jogo nestas eleições?”, e focada no futuro do país, foram discutidos cenários possíveis a acontecerem no próximo domingo, dia das Eleições Presidenciais.

A live, moderada por Elsa Moura, foi dividida em duas fases: uma primeira parte dedicada à intervenção dos oradores e uma segunda reservada a questões dos espetadores. A diretora de informação da Rádio Universitária do Minho começou por apresentar os convidados: Marco Lisi, professor associado da NOVA FCSH, e Catarina Siva, doutorada em Ciências Políticas e Relações Internacionais da UMinho.

Catarina Silva iniciou a sua intervenção não falando de uma eleição, mas sim de uma “reeleição, pelo que as sondagens têm vindo a mostrar”. No entanto, para que Marcelo Rebelo de Sousa seja presidente por outro mandato, “é preciso que a taxa de abstenção não aumente”. Isso iria desfavorecer o atual presidente e beneficiaria o candidato André Ventura, o qual está em segundo lugar nas sondagens.

Contudo, a “abstenção esmagadora” é uma possibilidade, uma vez que a pandemia e, por extensão, o confinamento são realidades que complicam o exercício do voto. Como solução, e na opinião de Marco Lisi, o voto antecipado, que aconteceu no passado domingo, dia 17, evitou filas e problemas de deslocação no próximo dia 24. Foi, portanto, uma “boa iniciativa apesar dos problemas logísticos”.

O professor defendeu também a aposta nos votos eletrónico e postal, “que não foram devidamente planeados”, pois mesmo com a previsão de uma terceira vaga para o mês de janeiro e, consequentemente, eleições condicionadas, as “eleições foram empurradas até ao limite”.

Marco Lisi sublinhou que não é “novidade” o número elevado de candidatos. A surpresa reside no facto de alguns deles “já terem presença no parlamento e servirem-se das eleições como afirmação das ideologias do seu partido”. Esta realidade de não serem candidatos independentes “oferece-lhes maior poder, fidelidade e confiança levando à mobilização ao voto”.

Por outro lado, a doutorada em Ciências Políticas e Relações Internacionais da UMinho afirmou que “ficou a faltar uma segunda campanha de debates para se debater os próximos cinco anos da legislatura do presidente”. Tal, pois, as intervenções dos candidatos eram relativas à pandemia e aos ideais partidários de André Ventura.

Segundo Catarina Silva, o “CHEGA! merece toda a credibilidade, já que foi aprovado pelo tribunal constitucional”. Reforçou ainda a sua legitimidade e um “folgo maior para a propagação de ideais”, também pela “retórica, discurso e carisma do líder”.

Mesmo assim, com uma crise pandémica, social e a caminho de uma económica, Portugal não precisa de uma política, pois, na opinião de Catarina Silva, “a tensão levaria a uma fragmentação política com desacordo na tomada de decisões”.