Para ajudar a combater a ansiedade e a monotonia deste novo confinamento, o ComUM preparou um calendário cultural minhoto com sugestões diárias até ao fim do mês.

Estamos novamente em casa. Esta é uma realidade dura, que custa a todos, mas necessária para reverter a atual evolução da covid-19 no país e aliviar a pressão nos hospitais e dos profissionais de saúde. Se conseguirmos melhorar a situação, este novo confinamento que estamos a viver não será tão longo como o de março do ano passado.

Contudo, já lá vão dez meses de pandemia – esta palavra que tem tomado conta das nossas vidas e pensamentos – e a ansiedade pela incerteza dos tempos continua à espreita. Neste sentido, preparámos-lhe dez sugestões diárias (até 30 de janeiro, data em que será reavaliado o presente estado de emergência) para encher o seu confinamento com a cultura que o Minho tem para oferecer e fazer frente ao medo e ao tédio.

21 de janeiro: Fábia Maia – Santiago

(Música, 15 minutos)

De Barcelos para o mundo, Fábia Maia tornou-se conhecida em 2014 ao lançar vídeos no Youtube de versões acústicas de hip-hop nacional. Em 2020, lançou o seu segundo EP, Santiago, que descreve como um álbum “bruto” e “um adeus ao hip-hop”, trazendo influências do jazz e da soul. Para além disso, recebeu o convite para se apresentar como compositora na próxima edição do Festival da Canção, já em fevereiro. A canção que escreveu e vai interpretar, Dia Lindo, está já disponível no canal de Youtube do certame.

22 de janeiro: Margarida Cruz – Ao meu protagonista, o mais belo aplauso

(Literatura, 2 horas)

Margarida Cruz é estudante de Estudos Portugueses na Universidade do Minho. Em novembro do ano passado, a jovem de 20 anos lançou o seu primeiro livro, Ao meu protagonista, o mais belo aplauso, um romance que descreve como o “resumo de um clichê” das narrativas românticas, apesar de não gostar delas e de as tentar combater. O livro pode ser adquirido em papel e em formato e-book na página da editora, a Chiado Books.

Margarida Cruz

Ana Rita Peixoto/ComUM

23 de janeiro: Os Conselhos da Noite

(Cinema, 2 horas)

Com estreia inicialmente marcada para o dia 2 de abril de 2020, após passagem pelo Fantasporto, Os Conselhos da Noite acabou por chegar às salas de cinema nacionais a 17 de setembro, devido à covid-19. Com realização de José Oliveira e argumento de João Palhares, este foi divulgado como “o primeiro filme realizado em Braga”, contando com um elenco maioritariamente da cidade e da região bracarense.

A narrativa centra-se na jornada de Roberto, um jornalista de formação e escritor de ficção que regressa a Braga, a sua terra natal, depois de dois anos no Alentejo e de ter vivido a maior parte da sua vida em Lisboa. Desencantado com o seu rumo profissional, encontra na cidade a inspiração que precisa para escrever um novo romance e, ao mesmo tempo, reacende memórias e sentimentos. Um regresso às origens que nos pode inspirar a voltarmos às nossas.

24 de janeiro: João Miranda – Agnórise

(Música, 53 minutos)

Agnórise traz ao mundo o sofrimento interior de João Miranda, relacionado com questões familiares, profissionais e amorosas. Trata-se do reconhecimento lúcido de que um Destino que comanda, “porque não escolhemos o motivo nem quando é que sofremos por algo ou alguém”. Com canções maioritariamente escritas em inglês, este é o álbum de estreia do cantor barcelense, partilhado de antemão com os seus conterrâneos, que saiu oficialmente em agosto do ano passado.

25 de janeiro: The Silent Box – Hold On

(Música, 3 minutos)

Depois de um EP gravado em 2018 e lançado em 2019, os bracarenses The Silent Box apresentaram no início de 2021 o single Hold On, a porta de entrada para um álbum com lançamento previsto para o final do ano. Com um registo mais comercial dentro do rock alternativo/indie rock que têm apresentado, este novo trabalho “serve precisamente para trazer mais ouvintes” à banda, apesar do tema mais sombrio. Hold On fala-nos dos “distúrbios camuflados de uma mente em desequilíbrio” que nos mostram a importância de um olhar mais profundo para o nosso interior. Da busca de um equilíbrio que parece, por vezes, uma missão impossível nestes tempos.

26 de janeiro: zet gallery – Exposição virtual

(Artes, o tempo que precisar)

A zet gallery, plataforma bracarense de divulgação das artes, convida-nos nestes tempos de enclausuramento a libertarmo-nos pelo mundo artístico de João Louro. About Today é a exposição individual que o artista quis dedicar à Mulher e que evidencia o caráter premonitório e reflexivo da sua obra, acentuando o seu olhar inquieto e atento sobre o mundo. Nesta exposição virtual, que nos permite “entrar” no espaço da galeria, encontra-se uma seleção de cerca de dezena e meia de trabalhos, produzidos entre 1995 e 2019, na sua generalidade de exibição inédita (ou quase) e que se expressam a partir de diferentes meios. A exposição está patente até 27 de março na página web da zet gallery.

Exposição virtual

zet gallery

27 de janeiro: Gator, The Alligator – Mythical Super Bubble

(Música, 30 minutos)

Dois anos depois do lançamento de Life Is Boring, o crocodilo volta à cena. Os Gator, The Alligator, de Barcelos, editaram a 30 de setembro o segundo álbum, Mythical Super Bubble, com uma ligação temática ao primeiro. Nesta nova aventura narrativa, o Gator, alter-ego da banda, parte em busca de um objeto utópico que é a Mythical Super Bubble, “uma metáfora em relação a algo que resolve todos os problemas da vida”. Este é um álbum repleto de misticismo que, ao mesmo tempo, nos faz pensar no que de mais concreto tem a vida.

28 de janeiro: We Find You – Metade Metade

(Música, 3 minutos)

No final de novembro, os bracarenses We Find You revelaram Metade Metade. Produzido por João André e com coros de Diana Martínez, este é o quarto single da banda, depois de To Be With You, London e Lembra-me, este último com a participação de Bárbara Tinoco. Desta forma, a dupla composta por David Dias e Miguel Faria traz-nos um conceito que podia ser mais um clichê, mas que se revela uma abordagem leve e despretensiosa de como uma paixão evolui para um sentimento maior, quando “já não há volta a dar” e o amor prevalece.

29 de janeiro: História e tradições do Minho

(Artes, o tempo que precisar)

Há coisas que parecem pensadas para tempos como este que vivemos. É o caso da Google Arts & Culture, uma plataforma da multinacional norte-americana lançada em 2011 que permite explorar intensivamente as culturas do mundo a partir do ecrã, através de jogos e outras experiências interativas com museus e arquivos. Se quiser descobrir mais sobre a cultura e as tradições do Minho, pode consultar o trabalho sobre a tradição sineira de Braga ou ainda aceder à memória de outros tempos através de cartões postais ilustrados de Braga e Viana do Castelo, trazidos pelo Museu Virtual da Lusofonia.

História do Minho

Google Arts & Culture

30 de janeiro: Maria Quê – Embalo das Marés

(Música, 14 minutos)

Catarina Silva e Juliana Ramalho, de Braga, dão voz à música tradicional portuguesa e mundial a pretexto do projeto que criaram em 2017: Maria Quê. Começaram por desenvolver um trabalho a duas vozes, mas com o tempo foram deixando entrar outros sons, os de Rodrigo Peixoto (guitarra), Catarina Santos (flauta transversal), Diogo Cocharro (baixo elétrico) e Pedro Oliveira (percussão). Neste sentido, foram-se descobrindo e acabaram por lançar em abril do ano passado o primeiro trabalho, o EP Embalo das Marés, composto por quatro canções de vários países. Um trabalho que nos desperta para a realidade de que, “sempre que morre uma avó, morrem com ela várias cantigas”.

31 de janeiro (extra): Azeituna – Ovo de Colombo

(Música, 4 minutos)

Para finalizar este calendário, trazemos-lhe uma sugestão extra para o último dia de janeiro. Ovo de Colombo é o tema de apresentação de Azul, o mais recente álbum da Azeituna – Tuna de Ciências da Universidade do Minho, lançado em dezembro. “Sou o que vivo, não o que tenho” é o mote desta canção composta por Daniel Pereira Cristo (Origem Tradicional) que nos diz para aproveitarmos as vivências e os pequenos prazeres da vida. Apesar de estarmos confinados, é importante valorizarmos aquilo que fizemos e que ainda vamos fazer, num exercício individual de “descobrir quem quero ser”.