O evento foi organizado em colaboração com a Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva.

“Direito à Saúde – vacinar ou não em tempos de pandemia” foi o tema discutido esta terça-feira na plataforma do Facebook do Civitas Braga. O evento contou Bruno Maia, médico do SNS, e Rita Araújo, investigadora do CECS (Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade) da Universidade do Minho, como moderadora.

Bruno Maia referiu os problemas existentes com a indústria farmacêutica  e ainda o problema da vacinação apenas nos países do “Primeiro Mundo”. Isto vai permitir então “com que o vírus continue a existir e a mutar-se noutros países”. Assim, o médico do centro hospitalar universitário de Lisboa lançou a pergunta: “estando nós em pandemia global, em que a prioridade deveria ser a saúde de todas as populações, devemos continuar a priorizar o lucro das seis farmacêuticas em detrimento da eficaz distribuição da vacina?”.

Rita Araújo defendeu que a vacinação, mais do que um direito, é um dever porque “o facto do outro se vacinar, vai proteger também a mim. Temos todos o dever de contribuir para o bem estar público”. Referiu ainda o uso total e massificado das vacinas disponíveis por alguns países em contraste com os que guardam ainda quantidades para uma segunda dose.

Neste contexto, questionou Bruno Maia sobre os critérios definidos para União Europeia para o cumprimento do prazo da vacinação. A isto, o médico respondeu que tem “dúvidas de que sejam precisos critérios homogêneos. Talvez seria preciso uma data e uma percentagem de pessoas vacinadas. Porque sem isto a situação pode realmente piorar”.

Um outro ponto discutido foi a conceção rápida da vacina e do ceticismo dos portugueses quanto a esta. Bruno Maia afirmou que a vacina contra a Covid-19 beneficiou da já existente conceção de vacinas, de já ter havido coronavírus em 2002 e da quantidade enorme de cientistas envolvidos nas investigações.

No entanto, o profissional de saúde afirmou que o problema vai estar na distribuição. “Se nós, numa fase inicial como agora, já tivemos maus sinais sobre a distribuição das vacina, não sei como vamos lidar com isto agora”. Aproveitou também para questionar o papel dos Estados para aumentar a produção em massa sendo que neste momento “continuamos a priorizar os lucros da indústria farmacêutica. Assim, vamos ter de esperar dois ou três anos para acabar com esta pandemia”.