Bullying na escola, amor a ser professor e os impactos do confinamento foram alguns dos temas abordados.
Realizou-se este sábado, dia 30 de janeiro, o terceiro dia do Festival Civitas. Promovido pelo HeForShe UMinho e pela Associação de Estudantes de Direito da Universidade do Minho (AEDUM), o evento ocorreu via zoom. Marcou o Dia Escolar da Não Violência e da Paz, contando com a presença da professora de matemática Maria João Passos, vencedora do Global Teacher Prize 2018.
A oradora desenvolveu a temática com base na sua experiência e no trabalho que tem vindo a realizar enquanto professora. Iniciou o debate referindo os projetos de inovação e as metodologias utilizadas pelo Agrupamento de Escolas de Freixo. Revelou, então, a presença de equipas pedagógicas com projetos interdisciplinares onde “os alunos criam a sua própria aprendizagem”.
Maria João Passos introduziu a reflexão com a importância da cidadania, afirmando que é essencial “preparar os alunos para que sejam bons cidadãos nas várias vertentes”. Realçou a comunicação, que leva ao “trabalho de equipa, respeito pelo outro, e partilha de conhecimento”.
De seguida, a plateia começou a colocar questões à professora Maria João Passos. O primeiro conceito abordado foi o bullying no ambiente escolar, estabelecendo-se a comparação do mesmo nas aulas presenciais e online. A oradora confessou que se torna complicado detetar situações de violência física e/ou verbal “à distância”, mesmo com “a ajuda da psicóloga nas aulas síncronas”.
Após novas intervenções do público, afirmou que o bullying afeta os resultados escolares dos alunos, sendo a alteração dos resultados um fator de possível descoberta de violência. Este tema terminou com a alusão ao ambiente familiar, que “se reflete na interação entre os alunos”.
Perante as variadas questões que constituem a violência escolar, a plateia introduziu no debate os temas de desigualdade de género, a homossexualidade e a desmistificação de preconceitos. Segundo a oradora, “o maior cuidado a ter é no terceiro ciclo”, pois podem verificar-se determinadas brincadeiras “onde pode haver maldade”. No entanto, sublinhou que “não se nota muito a desigualdade de género”, o desrespeito ou diferenças acentuadas.
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A política nas escolas foi o tópico que se seguiu na discussão. A professora de matemática explicitou que a política é desenvolvida em projetos onde os alunos são obrigados a pesquisar, a respeitar o outro e a interagir, nomeadamente com outras escolas. Para a oradora, a importância da política assenta em “aceitar e refletir sobre o que o outro diz, não se achar detentor de toda a verdade”. Relembrou que “em todo o contexto escolar se desenvolvem competências para que a política faça parte da aprendizagem”.
Maria João Bastos deu também conselhos para possíveis professores recém-formados da plateia. Destacou igualmente a necessidade da parte humana e emotiva de um professor, bem como a dedicação intensa. Fez ainda um apelo ao “amor à profissão” para um bom desempenho das diversas funções.
Por último, surgiram questões relativas à situação atual e à forma como o ensino à distância afeta ou não os alunos. A oradora focou as dificuldades durante o primeiro confinamento geral, dadas as desigualdades tecnológicas e a utilização de novas aplicações. Gerou-se uma “aprendizagem reduzida” e um “atraso” no nível de conhecimento. A professora acredita que o confinamento atual “vai ser melhor” e que não vai atrasar o ensino, porque já todas as crianças e jovens têm acesso às tecnologias necessárias.
A vencedora do Global Teacher Prize 2018 finalizou a sua intervenção no debate com uma mensagem motivadora para os que estiveram presentes. Focou a importância de “lutar pelos sonhos” todos os dias, atingindo a paz pessoal e social.