Sim, o jornalismo também faz a democracia. Muitos já sabem que os jornalistas são os que melhor representam a tão aclamada liberdade de expressão, fruto da democracia, e os que correm perigos todos os dias para trazerem até nós imagens e informação de todo o mundo. No entanto, há quem ainda os persiga e se prenda apenas a abordagens pouco éticas de alguns órgãos, generalizando para a comunicação social na sua totalidade.
Este é um dos maiores perigos, não só para o jornalismo, que está em crise há demasiado tempo, mas também para a sociedade. Começo por relembrar a altura em que a pandemia começou. As suposições e possibilidades acerca do novo coronavírus que se havia disseminado a partir da China inundavam as nossas conversas. Os jornalistas tiveram a preocupação de entrevistar médicos, cientistas, e ainda os primeiros portugueses afetados pelo vírus que se encontravam no estrangeiro.
Depois do primeiro caso confirmado em território português, iniciavam-se as conferências de imprensa diárias da Direção-Geral da Saúde. Os jornalistas traziam as perguntas dos portugueses para Graça Freitas, Diretora-Geral da Saúde, para Marta Temido, Ministra da Saúde, e para os diferentes especialistas que passaram pelas conferências, para além de traduzirem os boletins epidemiológicos de modo a podermos ler o mais importante e entendermos a evolução da pandemia. Estes profissionais também estão na linha de frente e são a ponte entre os profissionais de saúde e o resto das pessoas no que toca à cobertura da pandemia.
Aproximam-se as eleições presidenciais, tão importantes como o acompanhamento da pandemia. Inúmeros jornais e sites de notícias online disponibilizam informação interativa acerca dos candidatos e os programas eleitorais de cada um. Não descuro a importância de os ler, sendo esse o documento que melhor caracteriza os objetivos dos candidatos. Para além disso, os sucessivos debates realizados na televisão permitem que a maioria dos portugueses eleitores conheçam as ideias de cada um, confrontadas com outro.
Há candidatos que transmitem informações falsas acerca da própria candidatura e propostas, por isso é também essencial assistir aos programas de fact-checking que muitas vezes desmentem essas alegações. Propagar mentiras é o primeiro passo para destruir uma democracia. A forma de combater isso é votar de forma consciente num candidato que assegure estes valores.
Utilizo estes dois exemplos que tanto marcam a atualidade na tentativa de mostrar que, sem apoiar o jornalismo, é muito difícil manter uma sociedade bem informada e capaz de defender a democracia e os direitos humanos. Compreendo que a quantidade abundante de notícias e factos pode ser avassaladora para muitas pessoas, mas há sempre formas de contornar isso.
Por outro lado, como aspirante a jornalista, acredito que devo lutar para manter e reforçar os valores da democracia e travar as ameaças que vemos no nosso próprio país. Este é um dever dos jornalistas, que são as pessoas que podem questionar e encarar estas forças.
Quero acreditar numa sociedade que valoriza a atividade jornalística e a literacia mediática. Como cidadã, informo-me através dos vários meios disponíveis. E mais importante do que isso, procuro apoiar o jornalismo independente, nem que seja através de uma partilha. Em Portugal, existem jornais como o Fumaça e o Shifter, que são independentes de grandes grupos mediáticos e que apresentam trabalho de jornalismo fundamentado e completo.
Eu quero ser jornalista pela magia da profissão, mas também porque me permite conhecer os dois lados de uma história. Isso é democracia. Não quero viver numa sociedade em que os jornalistas são perseguidos e constantemente atacados quando são os únicos corajosos o suficiente para correr atrás da informação e da verdade.