O Centro de Medicina P5 é uma iniciativa da Escola de Medicina da Universidade do Minho (EMUM), que visa promover atividades com pouca expressão no SNS, através do recurso a novas tecnologias.

Este serviço pretende apoiar os profissionais na linha da frente através do agendamento urgente de uma consulta de psiquiatria ou psicologia por videochamada. Os médicos fazem a avaliação e orientação das situações clínicas, prestando apoio gratuito a todos os profissionais de saúde que dele necessitem.

O P5 “tem tido um aumento não só da procura por parte de profissionais de saúde interessados nas consultas de psiquiatria e psicologia como também dos próprios profissionais voluntários que se disponibilizaram para fazer esse tipo de serviços junto dos colegas nesta situação”, afirma Fábio Borges, em entrevista ao ComUM.

O CEO, médico de família e assistente convidado da EMUM explica que se apercebe que “os profissionais estão num estado de exaustão absoluto, tendo em conta o que tem vindo a acontecer”. “Este tipo de serviços acaba por ser algo essencial para os ajudar, pelo menos, a manter alguma estabilidade emocional nesta fase que não vai acabar tão cedo”, acrescenta o médico.

“Os profissionais estão num estado de exaustão absoluto, tendo em conta o que tem vindo a acontecer”

Fábio Borges

Esta iniciativa é uma parceria que reúne o Programa Nacional para a Saúde Mental da DGS, a Ordem dos Médicos, a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental (SPPSM), a APIP e a Escola de Medicina da Universidade do Minho. O apoio logístico é garantido pelo Centro de Medicina Digital P5.

Em consonância com esta iniciativa, o P5 dispõe de um avaliador de sintomas. “Notamos uma maior afluência não só pelo avaliador, mas também pelas várias dúvidas que nos chegam por outros meios”, admite Fábio Borges. O médico reconhece que “este último ano tem sido muito complicado, com muitas restrições à vida normal, e isso vai-se repercutindo no psicológico das pessoas”.

“É importante as pessoas terem algum tipo de rotina em casa, tentar acordar a uma hora certa, ter algum tipo de atividade. Sabemos que estar em casa tanto tempo não é fácil, mas é importante manter algum ritmo, ler e evitar estar constantemente a ver notícias, já que isso tem tendência para agravar o estado emocional das pessoas”, alerta o especialista.

O médico adverte ainda para os passeios breves na zona de residência, sempre respeitando as normas da DGS e das autoridades, “porque é sempre bom para a parte emocional”. Por último, Fábio Borges aconselha para, ao mínimo sinal de alerta, saber pedir ajuda. “Sabemos que no meio académico, sobretudo da Universidade do Minho, os nossos serviços estão totalmente disponíveis para apoiar os alunos e, como tal, estamos dispostos a colaborar e a ajudar naquilo que for necessário”, termina.

Artigo por: Maria Carvalho e Mariana Festa