O reitor garantiu que os instrumentos e regulamentos da universidade são suficientes para intervir em situações praxísticas como esta.
O reitor da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro, afirmou, esta terça-feira, que ainda está em curso o processo interno aberto na sequência de uma praxe com contornos racistas. Numa audição, por videoconferência, na Comissão de Educação, Ciência, Juventude e Desporto, Rui Vieira de Castro enfatizou que, mais do que na punição, a tónica deve ser posta na educação “superior e integral” dos estudantes.
“Naturalmente que, em algum momento, vai ter de haver uma intervenção, quando ela se justificar, de natureza sancionatória, mas nós não podemos, a este propósito, diabolizar os estudantes. Os estudantes são sujeitos que estão em construção e cabe à universidade apoiar essa construção pessoal, dotando-os dos instrumentos adequados”, referiu.
A audição foi requerida pelo Bloco de Esquerda após ter sido divulgado, em finais de 2020, um vídeo da Comissão de Praxe da Licenciatura de Biologia e Geologia, em que os intervenientes surgem com a cara e o corpo pintados de preto a cantar “somos conhecidos por canibais”.
O reitor afirmou ter tido conhecimento do vídeo em 9 de dezembro, tendo nesse mesmo dia determinado a abertura de um inquérito interno, para averiguar os contornos da iniciativa, identificar os seus responsáveis e depois proceder “de acordo com o previsto nos regulamentos disciplinares” da universidade.
Vieira de Castro garantiu que, para situações como esta, a UMinho tem estruturas próprias “que permitem uma intervenção corretiva ou pedagógica”, como o Conselho de Ética e o Provedor do Estudante. Sublinhou ainda que as praxes nos campi da universidade estão “expressamente proibidas” desde outubro de 2011.
Na audição, participaram deputados do BE, PS, PSD, CDS, PCP e PAN, que foram unânimes no repúdio à praxe em questão e que questionaram sobre as medidas adotadas ou a adotar para evitar que práticas idênticas se repitam e sobre as consequências que advirão para os autores.