O diretor-geral da Associação Comercial de Braga defende que os apoios do Estado aos negócios são “importantes, mas não são suficientes”.

O novo confinamento entrou em vigor na sexta-feira em todo o país por decreto do Governo. O ComUM conversou com o diretor-geral da Associação Comercial de Braga, Rui Marques, sobre o que pode vir a acontecer às empresas comerciais do concelho.

Rui Marques antevê um “período dramático”. Um grupo significativo de empresas comerciais vão obrigatoriamente estar encerradas prevendo-se, nesta altura do confinamento, uma faturação “seja zero ou muito próxima de zero”. Pode ainda haver algumas revendas nas redes sociais, mas “residuais”, acrescenta. As empresas que se enquadram na exceção do confinamento, como o caso é o comércio alimentar, vão funcionar com relativa normalidade.

De modo a atenuar o impacto do confinamento, existem apoios do Governo, como o layoff simplificado. O diretor-geral da ACB explica que este mecanismo serve para ajudar as empresas “durante o período do confinamento que suspendem os contratos de trabalho das pessoas destas empresas”. Os trabalhadores “receberão na totalidade a remuneração a que têm direito, sendo que o Estado, através da Segurança Social comparticipa em cerca de 81% e as empresas têm que, mesmo confinadas, suportar 19% destes salários”.

Para além desta medida de apoio, o Governo também tem previsto um mecanismo para empresas que tenham quebras de faturação durante o ano de 2020 superiores a 25%, estas devem candidatar-se ao sistema de apoio a fundo perdido que garante a disponibilização de 20% da quebra verificada da faturação.

Frisou que estes “apoios são importantes, mas não são suficientes” sugerindo que a Segurança Social deveria comparticipar a 100% as remunerações dos trabalhadores. E também que o Governo “pudesse apoiar o pagamento a 100% das rendas dos meses de janeiro e fevereiro”.

O recolhimento domiciliário “aumenta o risco de haver encerramentos e o risco aumenta ainda mais” depois de nove meses de pandemia com quebras de faturação. Vai ser “trágico” porque perdem-se empresas e postos de trabalho. Reforçou que era adequado, nesta altura, o governo apoiar fortemente as empresas para que se minimize o mais possível o encerramento das empresas.

“Esta pandemia tem provocado uma aceleração brutal” na virtualização dos negócios, refere Rui Marques confirmando que o comércio online é uma opção. “Olhando para o retrato da generalidade das pequenas empresas comerciais de Braga, ainda são poucas” as que têm soluções de comércio eletrónico.

Embora a grande maioria das empresas não possua este sistema de comércio eletrónico, Rui Marques assegura que “não se devem limitar”. Existem outros formatos de vendas como as redes sociais, usando o WhatsApp Business que tem “um potencial enorme para ajudar a vender” através da rede de contactos dos comerciantes.

A ação da Associação Comercial de Braga junto destas empresas

A nível de associações como a ACB, o apoio que podem dar nesta altura é apenas de aconselhamento para ajudar na orientação e tomada de decisões das empresas.

Os negócios “devem já ter um plano de como relançar as suas atividades económicas, referiu o diretor. Embora este planeamento seja difícil devido à evolução da pandemia que é “muito imprevisível”, devem apostar em algo que faz sempre nascer o negócio que é a “novidade”. Procurarem bons produtos e parceiros de negócio que permitam trazer novidade e apostar digitalização do negócio porque tendencialmente está a crescer. Sugeriu que também é importante que as empresas comecem a “reorganizar o seu plano de negócios”.

A Associação vai ainda tentar planear algumas iniciativas que possam ajudar o pequeno comércio a dinamizar os seus pontos de venda. Acrescenta que vai organizar algumas “ações coletivas” de dinamização empresarial.

Entrevista: Mariana Pinto Fernandes

Artigo: Paula Anjo