A sessão de “COVID-i” foi marcada por uma análise crítica da evolução da pandemia, o seu impacto na região Norte e algumas previsões.

A terceira sessão da iniciativa, que visa esclarecer e manter as pessoas a par da situação epidémica, realizou-se esta quarta feira, dia 20 de janeiro. Mário Freitas, delegado de saúde de Braga, e Óscar Felgueiras, assessor do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde do Norte, foram os convidados para comentarem o ponto de situação da zona Norte do país.

Óscar Felgueiras começou por mostrar diversos gráficos que mostram o estado da pandemia nos últimos tempos, divididos por regiões e faixa etária. Esclareceu, contudo, que esse tipo de divisão “não faz muito sentido a este ponto”. Afirma que “as faixas etárias misturam-se, as pessoas de regiões diferentes misturam-se”, acrescentando que “não vale de muito estar com medidas cirúrgicas e confinamentos específicos”, pois “o problema é global”.

O especialista prevê que as semanas que se seguem “serão as mais difíceis de sempre” e que não se adivinha um abrandamento dos números elevados que têm assombrado o país. Completou, anunciando que “é uma situação que não tem sequer comparação com a primeira ou a segunda vaga”.

O assessor do Conselho Diretivo da Administração Regional de Saúde do Norte chamou também à atenção quanto ao impacto da nova estirpe, vinda do Reino Unido. Referiu que esta “leva muitos mais jovens a serem internados em hospitais”. Mostrou grande preocupação quanto à mesma, rematando que, devido a ela, mesmo “com medidas semelhantes às do primeiro confinamento, o impacto será sempre menor”.

Já Mário Freitas criticou o comportamento “irritante” dos portugueses desde maio, queixando-se que a comunicação social contribuiu para a criação de “um mundo imaginário onde tudo ia correr bem”. Garantiu entender que a posição dos decisores é algo complicada, o povo português “não pode passar de bestial a besta” num espaço de meses. No entanto, acredita que a mensagem mais importante a propagar é a de que se tem de “olhar à volta”, afinal “isto ainda não está controlado”.

O delegado de saúde de Braga declarou que é totalmente a favor do fecho das escolas, dizendo que a diferenciação “entre menores ou maiores de 12 anos já nem sequer faz sentido”. Concluiu que “o que tem acontecido desde o início de janeiro era previsível”, mas que não consegue perceber é o “porquê de uma reatividade tão lenta”.

Mário Freitas censurou também o modo como os media anunciaram a chegada da vacina. Crê que “o excesso de mediatismo” pode ter acabado por “causar um efeito contraproducente”, fazendo as pessoas acreditarem que “a solução está próxima” e que não têm de se “preocupar em demasia”.

Ambos os oradores apelam à mudança de atitude do povo português e à alteração das medidas de confinamento, defendendo que é para “fechar tudo”. Óscar Felgueiras confessou que “o que se tem à frente é possivelmente a maior tragédia dos últimos séculos” e que, nestes próximos tempos, “só tem tendência a piorar”.