Faz este mês um ano que a equipa do CeiiA foi contactada para desenvolver um ventilador, com o objetivo de ajudar na luta contra o Covid-19.

José Miguel Pêgo da Escola de Medicina da UMinho e João Fortuna do CEiiA participaram nas XVI Jornadas de Engenharia Biomédica da UMinho. Falaram sobre o desenvolvimento do Atena e sobre a experiência de participar no projeto. Depois das notícias trágicas vindas de Itália e um pouco por toda a europa sobre a falta de ventiladores nos hospitais, os engenheiros do CEiiA e da Escola de Medicina da UM uniram forças para desenvolver o primeiro ventilador português.

“O ventilador tinha que ter um conjunto de modos ventilatórios tendo em conta o contexto”, referiu José Pêgo. No CEiiA foi decidido fazer um projeto mais avançado do que os simples ventiladores que substituíam a mão humana no apertar da bolsa de ventilação manual como o que foi desenvolvido pelo MIT nos EUA.

Era importante que as peças utilizadas não fossem escassas, apesar de haver escassez de stock em algumas peças. Já outras eram utilizadas noutros mercados, para alem do da medicina, o que facilitava a sua aquisição. José Pêgo admitiu que “a equipa do CEiiA foi à procura de todos os materiais que já tivessem autorização para uso em humanos.”

No dia 17 de março começou o desenvolvimento no CEiiA, no dia 18 o MHRA (Reino Unido) publicou a lista de requisitos de um ventilador, no dia 19 já havia uma arquitetura delineada do projeto que acabou por ser a usada no projeto final. Um mês depois, já havia um protótipo a funcionar no CEiiA.

 

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João Fortuna, engenheiro do CEiiA carateriza este projeto como um “desafio”. Antes de começar o confinamento, a equipa do CEiiA, que iria então desenvolver o ventilador, trabalhava em sistemas autónomos, em particular robótica móvel.

Os protótipos foram testados numa primeira fase em simuladores mecânicos e simuladores mais realistas, mais tarde em animais e depois em humanos. O primeiro protótipo foi demonstrado em abril e as primeiras 100 unidades estavam prontas e testadas no final de abril.

A versão dois do Atena está já numa fase final do desenvolvimento. Em termos funcionais, é semelhante ao Atena original. De mencionar que o Atena 2 tem um ecrã maior o que acaba por ser uma diferença grande para o utilizador, a tubagem interna foi alterada para ser mais compacta e o software foi otimizado, mas a performance é semelhante.

Outra diferença significativa em relação ao Atena original é que o Atena 2 está ligado em rede aos outros ventiladores, o que permite uma recolha de dados do paciente de forma anonimizada. Ou seja, permite a um médico analisar os dados e controlar os ventiladores a partir de um tablet ou computador remotamente.

O Atena 2 está a ser desenvolvido para ter o certificado CE para ser comercializado no espaço económico europeu. Pretende também obter a certificação da FDA nos Estado Unidos.