Joana Cabral foi a palestrante escolhida para tratar a temática da “Descodificação da Matemática do Cérebro”.
Joana Cabral, investigadora no Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde (ICVS), foi uma das oradoras do segundo dia das XVI Jornadas de Engenharia Biomédica. Abordou o tema das interações que medeiam a integração entre os subsistemas funcionais do cérebro e revelou alguns detalhes sobre a sua experiência e contribuições para com o mesmo.
A engenheira portuguesa começa por explicar um pouco sobre a teoria dos sistemas dinâmicos e como esta pode ser aplicada ao cérebro. “O comportamento coletivo obedece a regras diferentes das que obedece a unidade sozinha”, esclarece a oradora. “Para abordarmos o sistema coletivo, talvez não seja preciso perceber o que se está a passar a nível atómico”, salienta Joana Cabral. É deste modo de pensar que surge a abordagem “macro”, característica das investigações que tem feito.
A oradora continua a sua apresentação elucidando que “quando se entra numa determinada tarefa, certas redes do cérebro são ativadas”. Estas redes “podem associar-se ao comportamento” e “adaptam-se dependendo do que se está a fazer”.
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A hipótese posta pela investigadora, e sobre a qual já coescreveu diversos ensaios, é se estas redes funcionais são expressões dos modos oscilatórios do cérebro. Tendo isso em conta, procurou “caracterizar esses padrões oscilatórios do cérebro” através da observação do “vetor principal de cada sinal”.
Ao procurar calcular a probabilidade da ocorrência desses padrões descobriu que esta tem valor biomarcador. Foram feitos scans a cérebros de pessoas diferentes e, ao analisar as trajetórias, Joana Cabral conferiu que “cada pessoa tem uma assinatura nestas trajetórias”. “Depois de fazermos um segundo scan a cada pessoa e os compararmos aos primeiros é quase possível identificar a quem pertence cada”, enfatiza ainda.
Além disso, alguns desses valores encontram-se alterados em certas psicopatologias, tais como depressão, autismo e esquizofrenia. Ou até mesmo sintomas não clínicos como a performance cognitiva, capacidade de autoanálise e o sofrimento por desgosto amoroso.
Esta teoria tem, então, aplicações no entendimento de doenças psiquiátricas, desenvolvimento de novas terapias e na psicofisiologia. Embora ainda não esteja pronta para ser utilizada para estes propósitos, a oradora do segundo dia das XVI Jornadas de Engenharia Biomédica acredita que os estudos desta teoria “dão a entender que há algo de relevante nesta dinâmica das redes”.