O programador das CLAV Live Sessions falou ao ComUM sobre o projeto de promoção musical, que duplicou recentemente o número de sessões e localidades.
As CLAV Live Sessions, da CAISA – Cooperativa de Artes, Intervenção Social e Animação, são um projeto pioneiro em Portugal. A iniciativa consiste numa série de concertos de artistas nacionais e internacionais, inicialmente em formato misto – com público presencial e transmissão online – mas agora apenas com a componente digital.
O CLAV – Centro e Laboratório Artístico de Vermil, promotor do projeto, é uma plataforma de apoio à produção artística, cujo principal objetivo é dinamizar a capacidade artística local. Apesar de, a nível físico, o projeto estar cingido a pequenas freguesias e vilas de Guimarães e Vila Nova de Famalicão, este tem uma implementação nacional e é visto e ouvido em todo o país.
Em declarações para o ComUM, Alberto Fernandes, diretor artístico do CLAV, explica que a organização duplicou recentemente o número de sessões mensais, para que estas aconteçam num formato mais regular. O evento conta ainda com uma outra novidade: dois polos de intervenção, um em Guimarães e outro mais recente em Famalicão. “A cidade é um dos territórios em que trabalhamos enquanto instituição, portanto fazia todo o sentido fazermos essa nova abordagem das CLAV Live Sessions em Famalicão”, acrescenta.
O programador das sessões esclarece que o objetivo passa por descentralizar o conceito e dar a oportunidade a um maior número de pessoas de assistir às sessões. Alberto Fernandes revela também que realizar eventos neste tipo de localidades “é muito interessante, porque faz parte daquilo que nós somos”.
Acerca do CLAV, o organizador refere que esta é uma instituição criada no meio rural e que, por isso, trabalha na descentralização cultural. “Esta tem de acontecer em sítios não centrais como as grandes cidades”, salientou Fernandes.
Enquanto que, em Guimarães, a atuação do CLAV situa-se apenas numa freguesia, em Famalicão as sessões vão decorrer num conjunto de freguesias. Durante os primeiros três meses, os eventos serão realizados nas vilas de Joane e Riba d’Ave e ainda nos espaços da Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, uma parceria que “facilita a logística”.
O diretor artístico afirma que esta descentralização obriga a um conjunto de custos associados, uma vez que o equipamento presente no CLAV tem de ser transportado e montado nas bibliotecas. Porém, “isto faz parte de nós, descentralizar faz parte do nosso objetivo, enquanto estrutura que trabalha e cria para a comunidade local”, explica.
Uma das características deste formato é realizar-se num ambiente “mais intimista”, como se o público se encontrasse num estúdio de música, de forma a fomentar a proximidade com o artista. Apesar de outras instituições já terem criado iniciativas parecidas, Alberto Fernandes refere que este foi o único projeto que não parou durante o primeiro confinamento.
“Não parámos a nossa programação regular porque era feita neste formato misto. Tivemos apenas de retirar o público durante aquele período, como está a acontecer agora, mas as atividades, a programação e os concertos continuam”, esclarece Fernandes.
A organização das CLAV Live Sessions, por terem transmissão online, não teve a necessidade de se reinventar. “Foi a nossa sorte”, refere o organizador, que apenas achou necessário “aperfeiçoar toda a dinâmica de trabalho, para que todas as pessoas envolvidas neste projeto tenham a maior segurança possível durante o período em que estão a ser realizadas”.
Na opinião de Alberto Fernandes, a partir de agora, “a arte não vai voltar a ser a mesma e vai ser vista de uma forma diferente”. Neste sentido, o programador considera urgente “encontrar um conjunto de soluções” para a cultura, porque, do seu ponto de vista, “só daqui a três ou quatro anos poderemos voltar a uma normalidade, mas nunca será da forma como conhecemos”.
A próxima sessão é já na próxima sexta-feira, às 21h30, e conta com a participação do artista brasileiro Luca Argel. O evento pode ser assistido em direto nas páginas do CLAV e da Comunidade Cultura e Arte ou ainda em formato televisivo, no canal Alma Lusa.