A obra cinematográfica Léon, o profissional estreou a 14 de setembro de 1994. O filme conta com a presença de Natalie Portman e Jean Reno e apresenta o desenvolvimento de uma relação inesperada. A complexidade das personagens, aliada à ação presente, contribuem fortemente para tornar o filme conquistador.
Léon (Jean Reno) é um assassino profissional, mas caracteriza-se por ser sério, calmo e simples. Observa-se, inicialmente, a rotina da personagem, que é quebrada pelo aparecimento de Mathilda. A jovem de doze anos aparece à porta de Léon, num pedido de ajuda, após ter visto a sua família ser morta por um polícia corrupto e a respetiva equipa. Numa tentativa de vingança, Mathilda demonstra, desde então, o desejo de aprender as técnicas do assassino, com o objetivo de as aplicar nos polícias.
A história revela-se cativante devido à forma peculiar como as personagens se aproximam e passam a fazer parte da vida uma da outra. Numa primeira fase, Léon demonstra-se rígido, apático e desprovido de sentimentos face à sua profissão. Mathilda apresenta um olhar misterioso e vontades difíceis de compreender. No entanto, a interação entre os dois gera uma entreajuda no quotidiano, que resulta no revelar da identidade de ambos. Ao longo do filme, Léon transforma-se e acaba por se mostrar ingénuo, inocente e sem conseguir atribuir valor à própria vida. A jovem, profundamente afetada pelos problemas familiares, tinha uma grande falta de uma figura paternal e de alguém que a acompanhasse. Isso refletiu-se na vontade de aprender tudo aquilo que Léon sabia.
A relação entre as personagens torna-se cada vez mais complexa, e é aquilo que mais prende o espectador. Mathilda começou, ao longo do tempo, a ter interesse sexual por Léon, afirmando estar apaixonada. E, na verdade, a relação entre ambos era paternal. Este contraste confunde quem está a ver o filme. Mas rapidamente se entende os benefícios que o aproximar destes trás. Mathilda confere a Léon a vontade de viver e termina com a sua solidão. Léon dá a Mathilda uma figura familiar que ela nunca antes tinha tido, o que lhe confunde os sentimentos.
A longa-metragem vai ganhando cada vez mais intensidade. A ação aumenta com o desenrolar da história. Os momentos de violência, envolvendo armas e agressões físicas, vão estando cada vez mais presentes. Além do suspense evoluir progressivamente, os momentos de surpresa resultam numa maior adesão da audiência.
Os atores realizaram uma representação notável. O polícia principal, com uma personalidade psicótica e instável, é encarado de forma exímia. Consegue gerar o desconforto esperado, conferindo um caráter imprevisível à história. Jean Reno interpreta a personagem incrivelmente bem. Sendo um assassino profissional, apresenta uma postura firme, rápida, segura e com poucas expressões faciais. Natalie Portman representa uma criança com o desejo de crescer, mas deixa clara a inquietação e agitação típicas de alguém com doze anos.
O espaço é ainda um fator que garante a excelência deste filme. Acompanha sempre os momentos. Nas situações de maior tensão, os locais apresentam tons mais escuros. O contraste com a claridade dos acontecimentos mais alegres cria dinamismo. O mesmo dá-se com a captação de imagem. Vêem-se planos aproximados e intimistas dos atores, das expressões faciais e movimentos. O registo próximo das balas e das armas potencia a atenção do espectador. Os planos mais afastados captam bem a interação entre Léon e Mathilda e os acontecimentos de forma geral.
Apesar de Léon, o profissional ser uma obra cinematográfica sobre um assassino profissional, a história vai muito para além disso. Há a exploração aprofundada de duas vidas complicadas que se associam. Aquilo que os dois protagonistas oferecem um ao outro torna-os dependentes da relação que criaram. E foi exatamente isso que revolucionou a ação tradicional e tornou este filme único.