A solução criada deverá contribuir para uma terapia mais eficiente que melhore a resposta do SNS.

O Centro de Engenharia Biológica da UMinho (CEB) está a trabalhar em colaboração com o Hospital de Braga e o Centro Clínico Académico de Braga para desenvolver uma tecnologia que permitirá identificar de forma rápida, precisa e barata as bactérias responsáveis pelas infeções em doentes infetados com Covid-19. O objetivo é permitir salvar mais vidas e selecionar a terapia mais adequada.

Segundo avança o CEB, “as infeções secundárias, muito comuns em pacientes com doenças virais respiratórias como a Covid-19, são responsáveis por um elevado número das mortes registadas, assim como pelo agravamento da situação clínica”. Contudo, o tratamento preventivo com antibióticos pode potenciar a resistência aos medicamentos e agravar a doença.

É por este motivo que o Centro está a investigar uma tecnologia que ajude a tornar o diagnóstico mais célere e exato, permitindo a administração mais rápida do antibiótico ajustado a cada situação específica. O resultado deverá vir ainda a auxiliar a resposta do SNS contra o vírus.

A investigação conjunta, ao contrário de outras, não está direcionada para a deteção do vírus. O projeto tem antes por base “o impacto das bactérias em pacientes infetados e a percentagem de mortes associadas, procurando diminuir o seu efeito e combater um reconhecido problema de saúde pública, que é a resistência aos antibióticos”. Para isso, os investigadores estão a recorrer a proteínas de bacteriófagos, vírus que infetam apenas bactérias e inofensivo para células animais e vegetais, uma vez que “são muito específicas e ligam-se muito rapidamente, permitindo um diagnóstico bastante preciso e rápido”.

Para além disso, a equipa do CEB recebeu estirpes das bactérias-alvo, isoladas de
pacientes diagnosticados com Covid-19, fornecidas pelo Hospital de Braga. “Vamos
começar com a produção das proteínas para avaliar a sua especificidade e sensibilidade na
identificação das bactérias alvo”, revela Sílvio Santos, do Centro de Investigação.Validado este processo, as proteínas vão ser adaptadas a diferentes metodologias e “testadas em equipamentos de análises clínicas, primeiro em amostras artificiais e, posteriormente, em amostras reais”.

Segundo o cientista responsável, o projeto, “ao permitir um diagnóstico rápido e preciso das bactérias associadas à Covid-19, possibilitará, a curto prazo, ao SNS melhorar a resposta aos pacientes com a doença, proporcionando uma aplicação mais rápida e adequada da terapia”. Deste modo, a gravidade da infeção, os internamentos hospitalares e os custos associados vão ser mais reduzidos.