O prelado sublinha que é necessário que a vacina chegue a todos os países e não só aos mais ricos.
O arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, defende que o alargamento da produção de vacinas contra a Covid-19 a laboratórios de todo o mundo seria uma forma de combater a escassez do fármaco. No entanto, não esquece a importância de preservar a patente da vacina e o pagamento dos seus direitos.
Durante a apresentação da sexta edição da Nova Ágora, o novo ciclo de conferência da Arquidiocese que vai decorrer entre os dias 5 e 19 de março, o arcebispo questionou: “porque é que não pode haver uma produção a nível mundial naqueles laboratórios que têm capacidade para executar as vacinas de harmonia com aquela patente?”. Para o prelado, o alargamento da produção a laboratórios de todo o mundo pode ser a solução para a escassez do fármaco e para travar a pandemia.
Apesar disso, D. Jorge Ortiga não esquece a necessidade “preservação da patente e a manutenção dos direitos (económicos) que a patente exige”. No entanto, não deixa de sugerir a colaboração com outros laboratórios para aumentar a produção. “Um investimento desse tipo iria beneficiar a humanidade inteira e não apenas este grupo restrito”, destaca. Para sublinhar esta importância, relembra ainda que “há pessoas a morrer, no nosso contexto aqui em Portugal e também na Europa civilizada, mas sobretudo noutros países menos desenvolvidos”.
Esta segunda-feira, avançava a notícia de que apenas dez nações administraram 75% das vacinas para a Covid-19 e 130 países “ainda não receberam uma única dose”, segundo o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres. “Subscrevo essa preocupação de António Guterres que, naturalmente, já vem na linha do Papa Francisco”, revela o arcebispo de Braga, ao recordar o momento em que o Papa “disse que era necessário que a vacina fosse naturalmente para todos”.
Ainda na apresentação, o prelado demonstra preocupação por países mais pobres do continente africano. “Vamos sabendo pelas notícias, sobretudo nos países mais pobres de África, em que já está na programação que só terão a vacina lá para 2024”, declara. “Lançar este alerta eu penso que é imprescindível”, termina.