O Dia Internacional da Língua Materna é uma comemoração anual de todas as línguas existentes no mundo. A celebração deste dia surge para proteger todas as línguas faladas, respeitar a diversidade linguística e as tradições culturais.
Atualmente, existem cerca de 6 mil línguas faladas no mundo, das quais 3 mil estão em risco de desaparecer. De modo a honrar algumas destas, o ComUM selecionou um conjunto de produções cinematográficas e musicais que fazem uso de diferentes línguas.
Música
Quase Dança, Cláudia Pascoal (2020) – Representa o álbum de estreia da cantora portuguesa que representou Portugal na última edição da Eurovisão. Esta música, em particular, é única e tem aspetos tradicionais, como se pode ouvir no fim, onde um rancho folclórico se torna a atração principal. Uma escolha arriscada de Cláudia Pascoal, mas que torna o tema bastante interessante e apelativo.
TKN, Rosalía feat.Travis Scott (2020) – Alcançando a segunda posição na parada da Associação Fonográfica Portuguesa, TKN foi um dos mais escaldantes hits do ano de 2020. Esta composição, escrita por Rosalía e interpretada pela mesma e por Travis Scott, embebe os mais interessantes ritmos do reggaeton, contando com alguns elementos de trap e gangsta rap. A cantora e o rapper encarnam as personagens de viúva e falecido gangster, respetivamente, enquanto contam a história de uma família envolvida em guerrilhas de gangues («Cosa’ de família, no la’ tienen que escucha’/Lo’ capo’ com lo’ capo’ y yo soy la mamá/Los secreto’ solo com quien pueda’ confia’/Más-más te vale no romper la omertá»). Ainda que, com algumas palavras em inglês, a bela e contagiante língua espanhola torna esta música, incrivelmente, única e magnética, dando-lhe um ar de agressividade quando misturada com expressões típicas da mafia siciliana.
Je Disparais Dans Tes Bras, Christine and the Queens (2020) – “Je Disparais Dans Tes Bras” de Christine and the Queens do EP La Vita Nuova, foi lançada em fevereiro de 2020. Remete para o sofrimento sentido dentro de uma relação tóxica. Repleta de metáforas para descrever os seus sentimentos e a situação em que se encontra é acompanhada por um ritmo marcado que juntamente com a poderosa voz da cantora cria uma música impossível de não ouvir e deixar -se levar nela. Existe também uma versão em inglês.
Bandid*, Pabllo Vittar feat Pocah (2020) – Uma música explosiva que faz lembrar as noites quentes de verão ou uma boa festa com os amigos. A voz de Pablo é inconfundível e esta música é mais uma prova do talento vocal. Pocah já habituou o público às letras feministas e que valorizam o sexo feminino e a liberdade. A junção das duas é algo há muito esperado e que resultou na perfeição. O ritmo não sai muito da zona do funk mais atual, com várias mudanças nos tons de voz e misturas com diversas batidas. Uma música de festa e para adicionar à lista de favoritos.
Love Story (Taylor’s Version), Taylor Swift (2021) – A música que quebra corações e junta casais, desde 2009, está de volta em 2021. Depois de 12 anos, Taylor Swift regravou e relançou “Love Story” como “Love Story (Taylor’s Version)“. A canção é um exemplo primo de como as letras de uma música transportam o ouvinte, criam imagens e fazem sentir as mais diferentes emoções. Esta peça é indiscutivelmente inspirada na obra de Shakespeare Romeu e Julieta, de 1597. Fala-nos de um amor em à moda antiga, o cortejar não só da rapariga, como também do seu pai. Para além da melodia e estrutura esperada de uma música country, “Love Story (Taylor’s Version)” mostra o poder que a linguagem tem na redação de histórias atemporais.
Cinema
Mãe Há Só Duas (2021) – A série de comédia mexicana, falada em espanhol, conta com a presença das atrizes Ludwika Paleta e Paulina Goto. A obra cinematográfica retrata a história de Ana Servín (Ludwika) e Mariana Herrera (Paulina), duas mulheres completamente diferentes que entram em trabalho de parto no mesmo dia. Enquanto esperam pela hora certa e lutam contra a dor das contrações, ambas tem uma má ligação e passam a odiar-se uma à outra. No final de cada parto, cada uma vai para a sua casa na esperança de que esta seria a última vez que se viam. Mal sabiam elas que os seus bebés tinham sido trocados à nascença. Após tal descoberta e depois de alguns meses apegadas aos bebés decidem mudar-se para a mesma casa. A casa torna-se num autêntico centro de gritaria, confusão e peripécias que merecem ser vistas em família (Título Original: Madre Solo hay Dos).
Lupin (2021) – A série francesa conta com uma temporada de cinco episódios, que estará completa ainda este ano. O ator principal Omar Sy, conhecido também por protagonizar grandes papéis, interpreta Assane Diop, filho de um imigrante que veio em busca de uma vida melhor. O seu pai é acusado de roubar uma joia muito valiosa e acaba por ser preso e se suicidar na cadeia. Assane inspira-se nos livros de Arsène Lupin, também este uma grande personagem da ficção francesa, com a missão de provar a inocência do seu pai e vingar-se dos verdadeiros culpados. Crime, drama, ação, mistério e muita emoção: é isto que se pode esperar de Lupin (e muito mais).
A Espia (2020) – A série de televisão portuguesa é um drama histórico, cujos idiomas falados são o português, o inglês e o alemão. A série passa-se em 1941, em plena Segunda Guerra Mundial. Maria João Mascarenhas (Daniela Ruah), aliciada por sua amiga, procura informações sobre o carregamento de volfrâmio. Entre diferentes eventos e mensagens secretas, envolvem-se numa intriga diplomática. Mais tarde, descobre que a Alemanha planeia uma possível invasão a Portugal. Maria, à medida que se aproxima do engenheiro alemão Siegfried Brenner, vai compreendendo o custo de viver uma vida dupla enquanto espia. A Espia é uma das poucas séries de produção nacional que prende o espectador do início ao fim. A intriga é deveras envolvente e faz ansiar constantemente pelo episódio seguinte.
Élite (2018 – ) – A série espanhola relata a vida de três adolescentes da classe operária que são transferidos para uma escola privada, bastante conceituada. O principal foco da narrativa é a desigualdade social existente entre ricos e pobres que, neste caso, resulta em homicídio. Com um elenco extremamente talentoso e uma fotografia luxuosa, Élite tem todos os ingredientes para uma viciante série juvenil. Tudo anda em torno de sexo, drogas e influência das redes sociais. O projeto de Darío Madrona e Carlos Montero teve um sucesso imediato e é, por muitos, considerado um dos melhores dramas adolescentes dos últimos tempos.
Dark (2017 – 2020) – A pergunta não é “Wer ?” (“Quem ?”) , “Wo ?” (“Onde?”) ou “Wie ?” (“Como ?”), tudo se resume a uma questão: “Wann ?” (“Quando ?”) – a brilhante série alemã da Netflix, Dark, envolve-nos num enredo repleto de traições, mentiras e toda uma longa lista de intrigas e mistérios, e como é óbvio, não podiam faltar as constantes viagens no tempo. É uma produção alemã de ficção científica esplêndida que desafia a ciência e as filosofias que questionam a existência humana, ao mesmo tempo, que somos agraciados com as enigmáticas e interessantes palavras alemãs. É de facto, um trabalho com imensa qualidade tanto artística como linguística.
Artigo por: Clara Martins, Francisca Graça, João Ângelo, João da Silva, João Sousa, Lara Carvalho, Lara Duarte, Mariana Pinto Fernandes, Marlene Gonçalves