Os dados revelam que “a violência no namoro, violência contra as mulheres e a violência de género é uma pandemia persistente”.
Decorreu esta sexta-feira, a conferência de imprensa da apresentação dos dados do estudo da UMAR. Este estudo é relativo aos indicadores de vitimização e legitimação da violência no namoro. Em paralelo, decorreu o lançamento da campanha “Bem- me- gosta ou mal- me- gosta?” que visa a prevenção da violência no namoro.
O professor João Costa afirma que é inegável o facto de que “trabalhar estes temas constitui uma missão da educação”. Deixa também claro a ideia de que “compete à escola criar informação e consciência”. E, por isso, declara como fundamental a existência de disciplinas como a de cidadania e desenvolvimento. A professora Rosa Monteiro reconhece que os dados elevados no estudo têm “raiz na subordinação das mulheres, numa sociedade que ainda é marcadamente patriarcal”. Considera como crucial a realização de um trabalho persistente e a criação de programas estáveis para prevenir a violência no namoro.
Seguidamente intervêm Ana Teresa Dias e Margarida Maia, técnicas do projeto ART’THEMIS+, que efetuam uma análise distrital do estudo da violência do namoro de 2020, visto que não foi possível a recolha de dados de 2021 devido à pandemia. O estudo contou com uma amostra total de 4.598 inquiridos, sendo estes jovens com média de idades de 15 anos. Os resultados são apresentados em média, ou seja, uma média geral dos resultados a nível do distrito.
Através do estudo é possível constatar que o controlo é a forma de violência mais legitimada pelos jovens na maior parte das regiões de Portugal, sendo a percentagem mais elevada no distrito de Faro com 38% de legitimação. A violência física é considerada a forma menos legitimada. Relativamente aos indicadores de vitimização auto reportados são considerados as respostas de 3.094 jovens, sendo a violência psicológica a forma mais identificada que surge com 27%, seguida da perseguição com 26% e o controlo com 20%.
Em relação ao distrito de Braga, no que se refere à legitimação colaboraram 315 jovens, sendo que neste, em média, a legitimação é de 20%. Os comportamentos mais legitimados são o controlo com uma média de 28%, a perseguição com 25% e a violência sexual com 21%. Já os indicadores de vitimização auto reportados são apresentados por 10%. Os indicadores mais auto reportados são a perseguição com 20%, a violência psicológica com 15% e o controlo com 12%.
Em comparação com anos anteriores, a forma de violência mais legitimada desde 2017 até 2020 é o controlo e a forma menos legitimada é a violência física. É possível também constatar que os dados não apresentam uma grande diferença. Neste período, a violência física é o indicador menos auto reportado e a violência psicológica é o mais auto reportado.
Em paralelo à apresentação dos dados do estudo da UMAR decorre o lançamento da campanha Bem- me- gosta ou mal- me- gosta? A campanha foi desenvolvida pelo ART’THEMIS+ em parceria com o núcleo da UMAR Braga e o projeto VIVA. Alicia Wiedemann, técnica do projeto ART’THEMIS+, revela que a campanha surge da necessidade de criar “materiais pedagógicos” que visem a prevenção, a educação dos jovens e a mudança de comportamentos.