As cantoras barcelenses estarão presentes na próxima edição do certame, que tem início já este sábado.
O Festival da Canção 2021 vai preencher, na RTP, as noites dos próximos três sábados: 20 e 27 de fevereiro (semifinais) e 6 de março (final). Entre os participantes, estão duas representantes da região minhota: Fábia Maia, autora e intérprete de “Dia Lindo”, e Graciela, voz do tema “A Vida Sem Acontecer”.
Fábia Maia atua já na semifinal deste sábado, enquanto Graciela se estreia na segunda semifinal. As duas cantoras de Barcelos estiveram à conversa com o ComUM e falaram sobre a sua participação no concurso, entre outros temas.
ComUM – Qual é a tua relação com a cidade onde nasceste?
Fábia Maia – Barcelos é a cidade das minhas histórias. Onde nasci, no dia da Liberdade, onde chorei no primeiro dia de creche, onde ouvi a minha avó Dilória dizer-me o quão especial seria no futuro e onde guardo os desamores da minha vida. Faço intenções de viver em Barcelos sempre, perto das árvores, da relva e dos pássaros. Quando estou longe de casa, tenho muitas saudades e sei que a minha morada é lá. A única tristeza que Barcelos me poderá trazer será o não reconhecimento das coisas bonitas que irei fazer. Eu quero ver o brilho da história e das pessoas a ser reconhecido. É o meu objetivo de alma para com a minha cidade: uma casa e valor.
Graciela – É também a cidade onde cresci, onde trabalho, onde vivo e onde componho com os meus Dear Telephone.
ComUM – Alguma vez pensaste vir a participar no Festival?
FM – O Festival era um desejo da alma. Pedi ao universo e ele deu-me. Não consigo imaginar o meu futuro sem passar pelo palco do Festival. Significa o meu renascer para algo maior do que o passado. Sou grata por ser uma pessoa abençoada e conectada com os meus desejos mais íntimos.
G – Talvez. Quando era mais nova, tive essa vontade. Mas os anos foram passando e aprendi a valorizar outras coisas. Agora fui convidada e esse convite, obviamente, fez-me pensar. Primeiro por ser o João [Vieira], depois por achar que este desafio me poderia trazer mais coisas boas do que menos boas.
ComUM – Como recebeste o convite para este concurso?
FM – Por convite direto. Ligaram-me, convidaram-me, eu agradeci e sorri. Foi no mês de novembro, num verdadeiro dia de sol!
G – Eu e o João já nos conhecemos e tocamos juntos há muitos anos. Quando ele foi convidado para compor, convidou-me para interpretar a canção. Demorei algum tempo para aceitar o convite, mas depois de ouvir a música e perceber que me encaixava, decidi arriscar.
ComUM – Já seguias o Festival?
FM – Não sou a Marie Curie nem o Einstein do Festival. Antes tinha uma ideia muito diferente, mas o Salvador [Sobral] fez-me perceber que pessoas genuínas têm mais valor e que são ouvidas. Aí, soube que o Festival tinha mudado para melhor.
G – Tenho algumas memórias de infância, de assistir com a minha família. Depois disso, penso que só a partir da participação do Salvador. Esta é uma boa fase do Festival da Canção. A escolha de autores/intérpretes representa uma boa amostra da música que se faz atualmente em Portugal.
ComUM – Quais são as tuas canções favoritas de edições anteriores?
FM – “Amar pelos dois” [FC 2017], “À espera das canções” [FC 2015], “Deixa-me sonhar” [FC 2003] e “Telemóveis” [FC 2019].
G – “Qualquer Dia, Quem Diria?”, Concha [FC 1979].
ComUM – O que achas da canção da tua conterrânea?
FM – É uma música de libertação muito específica. Não a conhecia, mas percebo a sua essência. Percebo também que “a vida sem acontecer” é uma realidade não desejada, que puxa pelo desejo de voltar a abraçar o Mundo. Cada um tem a sua forma de brilhar. Espero que brilhe do jeito que é, livre.
G – A canção transmite-me uma boa energia, uma mensagem bonita. Claramente, a Fábia tem uma nuvem branca em cima!
ComUM – Que expectativas tens para a tua participação?
FM – Expectativas trazem ansiedades e eu estou em paz. Feliz por estar no Festival, mas muito mais feliz comigo. Fiz uma música com a alma toda, o que mais podia eu querer?
G – Sinceramente, não penso muito nisso. Vou tentar aproveitar principalmente as coisas boas e os bons momentos que o Festival (todo o processo: a atuação em si, os outros artistas, músicos e equipas) tem para oferecer.
ComUM – O que podes revelar da tua atuação?
FM – Luzes divinas, banda e uma mistura de tudo o que eu sou. “Sou todos os Homens que até mim vieram e que em mim ficaram”. Na música sou igual, uma mensageira com muitas histórias e poucos eufemismos. Aprendi a ser transparente. Procuro a verdadeira eternidade da música como procuro o amor. A minha atuação será um momento especial!
G – Vou ser eu própria, enquanto artista também. Vai ser um momento bonito de televisão e espero que as pessoas se identifiquem e se deixem envolver (pela música, pela voz e pelo momento).
ComUM – A seguir ao Festival, quais são os planos?
FM – Construir o meu primeiro álbum, viajar até ao Brasil e abraçar o meu pai, ajudar quem me ajudou e casar. São esses os meus planos, mas sempre de mãos dadas com a minha música, com os meus músicos e com o meu desejo de ser gigante.
G – A participação no Festival da Canção é mais um momento importante na minha vida/carreira. Por isso, vou continuar com os meus projetos pessoais.