Durante sessão de esclarecimento, os autarcas dos sete municípios acionistas da AdAM mostraram-se desiludidos com a atuação da empresa e exigem mudanças.

Esta quarta-feira, os presidentes da câmara dos sete municípios acionistas da empresa Águas do Alto Minho (AdAM) reuniram-se para “reconhecer publicamente que o desempenho da AdAM, no setor de faturação e de atendimento aos clientes, tem sido uma enorme desilusão”.

Relembre-se que a empresa começou a operar em janeiro de 2020, “dimensionada para fornecer mais de nove milhões de metros cúbicos de água potável, por ano, e para recolher e tratar mais de seis milhões de metros cúbicos de água residual, por ano, a cerca de 70 mil clientes”. No entanto, em abril de 2020, a empresa suspendeu a faturação, depois de terem sido detetados erros de faturação que afetaram 15 mil consumidores.

Durante a sessão de esclarecimentos, o presidente da Câmara de Viana do Castelo, José Maria Costa, assumiu a posição de porta-voz e recordou que os municípios de Arcos de Valdevez, Caminha, Paredes de Coura, Ponte de Lima, Valença, Viana do Castelo e Vila Nova de Cerveira constituíram uma parceria 100% pública com as Águas Portugal.

Para além disso, frisou que “a premissa que justificou a agregação de sete municípios com a maior e melhor empresa do setor de águas em Portugal pode resumir-se do seguinte modo: melhorar a vida dos cidadãos, criar novas oportunidades, garantir a qualidade da água e contribuir para a sustentabilidade do meio ambiente”. No entanto, expetativas “sem onerar as pessoas para além daquilo que é razoável, ou seja, do preço justo”, reforçou.

Perante os últimos desenvolvimentos, José Maria Costa apontou que as autarquias locais mantêm os objetos. Contudo, não podem deixar de reconhecer o fraco desempenho da empresa.

Desta forma, explicou que os “erros grosseiros na faturação, documentação incompreensível, desvalorização da leitura efetuada pelos consumidores, deficiente atendimento e falta de recursos humanos”, que marcaram o primeiro ano de vida da AdAM, trouxeram “um enorme prejuízo das populações e um tremendo desgasto para a credibilidade da parceria e dos seus acionistas”.

Apesar de terem “feito um esforço de serenidade pública”, o autarca realçou que lutaram ao mesmo tempo, no seio da AdAM, “para que sejam introduzidas melhorias no funcionamento desta parceria”. Porém, acreditam que chegou “o tempo de dizer basta: basta de erros, basta de promessas, basta de faturas fora de horas, basta de códigos de pagamentos caducos, basta de valores exorbitantes, basta de estimativas irrealistas, basta de telefones não atendidos, basta de comunicação errática”, declarou.

O presidente da Câmara de Viana do Castelo, José Maria Costa, avançou ainda que, na última reunião com o presidente do Conselho da Administração da AdAM, foi garantido “aos municípios que a última fatura imitida, a que se juntou a famigerada fatura amarela de correção da suspensão de faturação, será a última influenciada pelos problemas resultantes da agregação entre os sete municípios”.

Para além disso, prometeram que a próxima fatura será imitida através de um novo sistema, asseguraram a contratação de recursos humanos para as áreas administrativas, comerciais e operacionais, o reforço do atendimento presencial e telefónico e a melhoria de canais de comunicação. Globalmente, revelou que lhes foi afirmado que “a parceria entendeu os erros, encontrou forma de os superar e que se vai iniciar um novo ciclo de relação da AdAM com as pessoas”.

Posto isto, o autarca declarou que “os municípios exigem que se vire uma página na dececionante vida da AdAM, projetando para o futuro, reforçando a relação com as pessoas e qualificando o serviço prestado”. Desta forma, os presidentes da câmara dos sete municípios acionistas da AdAM acreditam que “os meses que passaram têm de ser arquivo do passado e uma aprendizagem para o futuro”.

Por fim, os autarcas apontam a solicitação de uma reunião de emergência com o Ministro do Ambiente e da Transição Energética, Matos Fernandes, “de modo que possamos dar conta das nossas preocupações e expectativas quanto ao novo ciclo da AdAM, que deverá contar com total empenho do nosso parceiro Estado”, concluiu.