Os convidados consideram, em consonância, que a pandemia é um fator negativo, no que toca ao combate dos populismos".

Nesta quinta feira, a Civitas Braga e a Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva organizaram um encontro de cidadania online subordinado ao tema “Populismos e Ameaças aos Direitos Humanos”.

O debate foi moderado por Elsa Moura, e contou com a participação do historiador Manuel Loff e do professor de direito e deputado Pedro Bacelar de Vasconcelos. Manuel Loff contextualizou historicamente aquela que considera ser “a segunda grande crise histórica do modelo liberal representativo”. Esta que proporciona as “condições certas para o crescimento do populismo no espectro político” teve origem “há mais de um quarto de século”.

Entende que “os cidadãos não se sentem reconhecidos na vida política” conduzindo a uma “democracia da abstenção”. Sublinha ainda, que a percentagem de eleitores corresponde a uma população envelhecida. Aponta para a “crise dos partidos mainstream” de centro esquerda e centro direita pela sua falta de capacidade de representação. Indica estes fatores como os responsáveis pela degradação da democracia liberal.

Problematiza a constitucionalização da emergência “desde de 11 de setembro de 2001 criou-se um ambiente pós-democrático em que os meios descritos como inevitáveis para garantir a segurança prevalecem sobre a democracia” conduzindo à securitização das democracias. “Estamos a adotar um regime permanente de exceção”. Ora por ameaça terrorista, ora por crise econômica, ou sanitária suspendem-se direitos em nome da segurança. Todos os regimes autoritários, nacional populistas, são regimes de securitização e “habituar-mos o povo a este registo é perigoso”, afirma.

Pedro Bacelar de Vasconcelos reconhece que o populismo “não é algo inédito”, infere “o processo inevitável do descrédito da democracia, como motor do desespero dos cidadãos”. Causado pela interdependência dos estados e pela convergência partidária, e causador do crescimento dos populismos.

Recorda que os temas de agenda da extrema direita em grande medida respondem a “anseios e aspirações sancionadas a sentimentos legítimos de exclusão e de ausência de representação”. Estes “instrumentalizam” as minorias como os ciganos, os afro-americanos, a comunidade LGBTQ+, entre outros, como um veículo de “atração da consonância de muitos, são alvos fáceis”.

Refere ainda o enaltecimento do princípio de estado de direito, o combate à descriminação, a desigualdade, à corrupção e a formulação de alternativas ao descontentamento das pessoas, como as soluções para “reconciliar o povo com os governantes por eles escolhidos”.