O livro Pequenos Acidentes, de Sarah Vaughan, foi lançado em Portugal, em novembro de 2020. A obra retrata uma viagem através da maternidade, com todas as coisas boas e más que daí advêm. De facto, a maternidade também traz coisas bastante más.

“Qual é o pior pesadelo de uma mãe?” é uma das interrogações presentes na sinopse do livro. De facto, nesta história, somos guiados através do ponto de vista das duas protagonistas, embora tenhamos acesso ao relato em primeira pessoa de uma delas.

Por um lado, Jess é-nos apresentada como uma mãe extremosa, que inclusive abdicou do trabalho para cuidar dos três filhos. Por outro, existe Liz, uma pediatra que trabalha demasiadas horas e passa demasiado tempo fora de casa. Uma noite, Jess aparece com a filha bebé no hospital onde Liz trabalha, levando com que esta se depare com um dilema.  A criança possui uma fratura craniana e Liz divide-se entre o dever de agir e o sentimento de proteger a amiga.

Além de nos apresentar o lado mais recôndito da maternidade, Pequenos Acidentes mostra-nos também os pensamentos de uma mente perturbada, explorando, mais uma vez, o tema das doenças mentais que é repetidamente menosprezado. Além disso, é-nos revelado aos poucos o passado de ambas as personagens e tudo o que motivou a que tivessem determinadas ações, desde a escolha de um marido que de pai tem pouco, até à existência de uma mãe violenta, que deixou traumas.

As personagens, pouco confiáveis, enganam-nos muito. Estas levam-nos a acreditar piamente (e a sentir) coisas que acabam por se revelar completamente falsas e ao contrário do esperado.

No fundo, trata-se de um bom livro de entretenimento, do género thriller/romance, que ilustra a forma como a maternidade afeta a saúde mental. Envolto em mistério, possui um final surpreendente.