A adaptação a novas circunstâncias, a interação entre diferentes áreas e a sustentabilidade das indústrias foram os temas que marcaram o debate no encontro.

A sessão “Tomorrow Needs Engineering, pertencente ao projeto “Tomorrow Needs You – Dias do Emprego”, organizado pela Escola de Engenharia da Universidade do Minho (EEUM) convidou algumas caras da área da engenharia e indústria portuguesa para uma conversa aberta. O diálogo aconteceu hoje, dia 22 de fevereiro, e contou com Daniel Vieira da Silva como moderador.

Sendo um tema atual e polémico, a sustentabilidade ambiental foi fortemente debatida e exposta por cada representante, durante todo o encontro. “A nossa prioridade, neste momento, deve ser o ambiente”, sublinhou Carlos Ribas, representante da Bosch Portugal. Prestigiou, ainda, a sua empresa dizendo que “todos os produtos que a Bosch produz” tem uma “pegada de carbono neutra”.

“A nossa reflexão levou-nos a pensar que esta sanita da atmosfera tem limites, o problema é este desfasamento temporal entre as nossas ações e a perceção do impacto”, admitiu António Rodrigues, CEO do Grupo Casais. Salientou, também, que “no fim do dia temos de responder às pessoas, mas também ao ambiente”.

Correspondendo o setor têxtil a um dos mais poluentes da indústria, Mário Jorge foi confrontado quanto a possíveis alternativas sustentáveis, ao que respondeu que “o grande desafio é a indústria em vez de consumir água passar a utilizar água”. A ideia do presidente da ATP é passar a “ter um processo circular” no setor industrial.

A adpatação das empresas à pandemia da Covid-19

“Já estávamos a fazer, há vários anos, desde 2017, esse exercício de adaptação”, afirmou Teresa Martins, CEO da Neadvance, a propósito do tema da adaptação à situação pandémica. Segundo a empresária, o setor automóvel já tinha sofrido uma quebra no período pré-pandémico, o que, de certa forma, lhes facilitou o trabalho no período em que todas as outras empresas tentavam acompanhar a propagação do vírus.

António Carlos Rodrigues disse que a Covid-19 “veio acelerar o processo de algo que já era inevitável”. Acrescentou, ainda, que toda esta situação “obrigou as empresas a olhar para os obstáculos”. Contudo, Pedro Arezes, presidente da Escola de Engenharia da Universidade do Minho, salientou que “a adaptação está bem patente, inclusive, na formação que nós damos em engenharia na Universidade do Minho”. “Queremos continuar a oferecer investigação e inovação centradas nas necessidades da sociedade e dos cidadãos”, reforçou o presidente.

A necessidade de existência de equipas multidisciplinares foi defendida por Carlos Oliveira, presidente da Fundação José Neves, onde realçou que ter profissionais de áreas distintas “que percebem bem a mente humana” levará a uma melhoria dos “produtos físicos e virtuais”. Teresa Martins reforça a ideia do presidente, frisando que a “multidisciplinaridade das equipas é uma necessidade”. Em oposição, Mário Jorge Machado, presidente da Associação Têxtil e do Vestuário de Portugal (ATP), argumenta que o setor têxtil “é um setor que obriga a usar uma quantidade grande do ponto de vista da engenharia”.

Para fechar o debate, os convidados foram questionados sobre as metas de cada empresa e o respetivo futuro, ao qual a diretora-executiva da Neadvance declarou que “cada empresa tem de tentar correr e trabalhar ao seu ritmo”. Pedro Azeres afirmou que “a internacionalização e a ligação que temos com o exterior é essencial”, portanto seria uma das áreas em que a EEUM se empenharia. Carlos Oliveira, deixou o recado de que Portugal tem “história de ter as melhores formações em engenharia”.