Em Portugal, a vacina volta a ser administrada a partir desta segunda-feira.

Depois de terem sido reportados cerca de 30 casos de tromboembolismos alegadamente associados à vacinação com a AstraZeneca, vários países suspenderam a vacina por precaução. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agência Europeia do Medicamento (EMA) mostraram sempre confiança na vacina da Oxford e da AstraZeneca e defendem que deve continuar a ser administrada. Em declarações ao ComUM, a médica de família na Unidade de Saúde Familiar de Ruães, Marina Gonçalves, comenta as decisões tomadas.

Numa altura em que a confiança da população em relação a esta vacina está abalada, a OMS sublinhou, esta sexta-feira, que os benefícios superam os riscos e apelou aos países que continuem a usar a AstraZeneca. “Sempre que existe um efeito secundário não verificado nos ensaios clínicos, é necessário, para segurança de quem recebe esta vacina, suspender a administração e investigar”, explica Marina Gonçalves. “A EMA foi um pouco ambivalente na resposta que deu. De um lado, diz que não parece haver alteração na prevalência e que é seguro, e de outro diz que não consegue excluir com certeza uma associação entre a vacina e alguns trombos raros”, acrescenta.

A continuação das investigações parece ser normal nestes processos, mas pode causar alguma confusão à população. Marina Gonçalves concorda com a suspensão da vacina, afirmando que “é necessário investigar, para transmitir segurança não apenas a quem administra a vacina, mas também, a quem a recebe”. “A pílula causa mais eventos trombóticos do que a vacina. Ainda assim, as mulheres, um pouco por todo o mundo, tomam a pílula”, declara a médica, clarificando ser normal o receio das pessoas depois de saberem do efeito secundário da vacina.

“Verificou-se que algumas pessoas que tomaram a vacina tiveram trombos, mas eram trombos raros, com diminuição das plaquetas. O que pode acontecer é que não aumenta o risco de um trombo, mas, a ser um, pode ser um dos raros”, esclarece Marina Gonçalves. A médica insiste ainda para a população continuar a acreditar na vacina da AstraZeneca, uma vez que “a vacinação é fundamental para nos protegermos e para protegermos quem nos rodeia”. “Não é por se tomar a vacina que se vai ter maior risco trombótico. Ele já existe em cada doente”, remata.

Artigo escrito por: Maria Carvalho e Mariana Festa.