E se a Eurovisão fosse exclusivamente acústica? Esta foi a moção que lançou o debate temático desta semana.

A Associação de Debates Académicos da Universidade do Minho (ADAUM) realizou este sábado (20 de março) mais um debate temático via Zoom. Em discussão esteve a hipótese de a Eurovisão admitir exclusivamente música acústica.

O primeiro governo, composto por Mariana Sousa e Inês Batista, defendeu a moção e apontou como objetivo do concurso “transmitir arte, música e criar uma ligação entre diferentes culturas”. “Cada país pode trazer os seus costumes, rotinas e tradições através da música”, justificaram, acrescentando que uma opção acústica “reflete algo que é íntimo, real, autêntico e não é processado”.

Neste modelo, as debatedoras consideraram ser “necessário que todos estejam na mesma posição para que não haja desigualdades”, fomentando, assim, a “empatia e compreensão pelas culturas” e a “sintonia entre as pessoas”. A acessibilidade deste formato musical foi ainda destacada como uma vantagem económica, “em termos do equipamento necessário”.

 

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Mariana Coimbra e Miguel Godinho, da primeira oposição, refutaram o primeiro argumento do governo, referindo que uma norma acústica “impede a verdadeira representação das culturas e sonoridades nacionais”. “A música tem um grande espetro e, por isso, os artistas podem identificar-se mais com estilos não acústicos”, acrescentou a oposição, frisando que, mesmo com recurso à eletrónica, “se a pessoa cantar com emoção, a mensagem passa”.

O segundo governo contou com Afonso Silva e Rodrigo Dinis, que reforçaram a argumentação do governo anterior. “A música acústica tem um custo mais baixo”, notaram, salientando que esta também “valoriza as vozes” e permite uma “melhor avaliação das qualidades vocais”. Para o segundo governo, uma Eurovisão acústica “não fomentaria o negócio capitalista das produtoras” e serviria “para desconstruir preconceitos através da partilha cultural”.

Como segunda oposição, estiveram Nuno Carvalho e Afonso Cardo, que introduziram uma questão laboral. “A opção pela acústica pode levar à exclusão de profissionais e técnicos de outras áreas musicais”, defenderam, sublinhando também que este tipo de música estaria “em contraciclo com consumos musicais atuais do público mais jovem” que vê a Eurovisão. A noção de identidade europeia que marca a diversidade cultural do certame foi outro dos argumentos apontados, justificado ainda com a ideia de que “a espetacularidade faz parte da expressão cultural” e que a Eurovisão “vive da soma das diferenças”.

A adjudicação (júri) reuniu-se no final do debate para decidir o pódio da sessão. Ana Lopes e André Machado concluíram, apresentando as devidas justificações, que o segundo governo foi vencedor, seguindo-se a primeira oposição, a segunda oposição e o primeiro governo.