Escrito por Ernest Hemingway e postumamente publicado pela sua mulher, Paris é uma Festa fala-nos das vivências do autor na capital europeia e da forma como esta influenciou Hemingwat e outros.  De capítulos curtos e rápidos, o livro é a obra perfeita para quem quer entrar na literatura clássica.

Mary Hemingway, viúva do célebre autor americano Ernest Hemingway, três anos após o falecimento do seu marido, decidiu editar e publicar os manuscritos que ele escrevera na década de 1920. O autor, nessa altura, viveu em Paris com a sua primeira mulher. Como qualquer experiência relativamente longa que vivamos, Paris para Hemingway foi agridoce, mas nunca o fez duvidar do carinho que sente pela cidade.

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O enredo é bastante autobiográfico, mas isso não faz dele desinteressante. Pelo contrário, há uma certa excitação por sabermos que muito do que está lá escrito, de facto, aconteceu ou acontece. No meio deste quase diário, o autor deixa-nos, ainda, algumas dicas de como viver em Paris, do que é ser um escritor e sobre a vida. Alicerçadamente, entre todas as festas, comida, vinho e convívio que formam o pano de fundo da cidade, podemos ainda ver de perto, amizades que azedam, fofocas, inseguranças e todas as coisas que fazem de uma pessoa real.

Comummente vemos obras de todos os teores possíveis. Contudo, é muito raro pensarmos nos autores dessas obras como pessoas no seu sentido pleno. Para além de Hemingway se tornar muito real para o leitor nesta obra, torna igualmente outros nomes gigantes do mundo da arte e não só. Picasso, F. Scott Fitzgerald, James Joyce foram só alguns dos grandes nomes com os quais o autor pôde privar. No entanto, apesar de o escritor os admirar muito, não se impede de lhes pôr defeitos o que, na minha ótica, faz deles mais interessantes.

Para além disto, Hemingway revela-se uma pessoa muito densa, com dramas verdadeiros (como as dificuldades financeiras por ter abandonado o jornalismo para se dedicar à escrita). Igualmente demonstra a adoração e o ódio por uma cidade que, quase como uma personagem, faz imenso por ele enquanto escritor como enquanto pessoa.

No geral, é uma obra que se lê muito rapidamente. Hemingway tem um grande poder descritivo sem ser exaustivo, o que não é algo fácil de encontrar. Os capítulos são bastante curtos, o que ajuda no facto de não terem todos o mesmo nível de interesse ou dinamismo. Paris é uma Festa é um livro bastante bom para entrar na literatura clássica, mas talvez não seja a mais definidora do género de Hemingway.