A discussão serviu como mote para despertar a curiosidade e promover o espírito crítico dos estudantes em relação à presença da mulher na Engenharia.

O Webinar “Bioengenharia não é só para meninas”, organizado pela HERTECH, realizou-se esta segunda-feira, dia 8 de março. A discussão teve como objetivo debater pensamentos estereotipados acerca do papel da mulher na área da Engenharia. Letícia Dias, estudante da academia minhota, foi a moderadora do debate.

A elevada presença de mulheres na área da bioengenharia foi um dos assuntos debatidos durante o Webinar. Mariana Henriques, professora da Escola de Engenharia da Universidade do Minho (EEUM), admitiu que no seu tempo de licenciatura havia “muito menos diferença do que há agora”. António Vicente, também professor de licenciatura da EEUM, e Helena Pereira, aluna de Doutoramento na Faculdade de Lisboa, mostraram-se de acordo com a professora. Helena Henriques, acrescentou ainda que esta escolha por parte das mulheres para a bioengenharia era uma “questão de tradição”.

Durante todo o debate tentou chegar-se a uma possível explicação sobre a razão desta preferência das raparigas pelas áreas bio. “Uma razão há com certeza”, sublinhou o professor, reforçando a sua afirmação dizendo que “talvez as ciências da vida sempre atraíram mais as meninas”. A aluna da Faculdade de Lisboa corroborou o pensamento de António declarando que “poderá ser alguma sensibilidade para a área da biológica”.

Ainda nesta ordem de ideias, foi levantada a questão da falta de informação relativamente ao curso poder ser uma das causas plausíveis sobre esta discrepância de escolhas. No entanto, a professora da EEUM discordou da justificação, à qual afirmou: “Nós fazemos o suficiente!”. Complementou o seu raciocínio realçando que aquele não era de todo o “ponto de diferença”.

O sentido da existência do Dia Internacional da Mulher nos dias de hoje acabou por entrar em discussão. Helena Pereira esclareceu que, atualmente, ainda é importante toda a simbologia e celebração do dia, porque apesar de em Portugal estar “num bom caminho”, há muitos países onde as desigualdades são imensas. António Vicente completou dizendo que “alguém andou a bater no ceguinho durante séculos”, e, nem que fosse só por isso, valia a pena comemorar. Contudo, Mariana Henriques opôs-se argumentando que não faz “sentido, nos dias de hoje, haver um dia da mulher”.

Para concluir a discussão, os convidados advertiram os estudantes a escolher as suas áreas de formação com base nos seus gostos e talentos e não em estereótipos impostos pela sociedade. “Façam o que querem, façam o que gostam, porque só assim tem sucesso na vossa área de trabalho”, aconselhou António Vicente.