O ComUM conversou com alguns estudantes da academia minhota sobre o ensino superior e a entrada no mercado de trabalho.
O Dia Nacional do Estudante foi promulgado pela Assembleia da República Portuguesa em 1987. A data pretende apelar à participação e mobilização dos estudantes em prol de um novo modelo de educação: uma educação de e para todos/as. O dia lembra ainda que o estudante é um pilar da sociedade.
Ângela Monteiro, aluna no Mestrado de Gestão e Negócios, entrou na academia em 2017 e foi apanhada de surpresa. “Percebi que o curso era um bocado mais teórico do que aquilo que estava à espera. Decidi que precisava de encontrar uma solução complementar, com o mestrado e com o que fizesse a seguir”, conta a estudante.
Rui Pedro Lopes, aluno de Mestrado de Engenharia e Gestão Industrial, iniciou a Licenciatura em Economia há cinco anos e, a meio do percurso, também se apercebeu que queria mudar de rumo. “As experiências de estágios de verão que tive foram sempre mais ligados à vertente da gestão empresarial e daí ter enveredado pelo mestrado em engenharia industrial”, explica. “Para algumas pessoas nem parece um seguimento da mesma área, mas a verdade é que com os estágios que tive percebi que são duas áreas que se podem conjugar”, afirma Rui Pedro Lopes.
Joana Carvalho, ex-aluna de Ciências da Comunicação no ramo de Audiovisual e Multimédia, saiu da academia para se especializar em Design, em Aveiro. “Foi um pouco complicado entrar no mundo do trabalho por causa da pandemia, porém, nunca senti que houvesse falta de trabalho”, afirma Joana Carvalho. “Sempre fui autodidata. Apesar de ainda não ter começado a trabalhar, já estava metida em coisas como voluntária”, acrescenta. Já Ana Catarina Silva, ex-aluna de arquitetura, confessa que o que dificultou mais o processo foi o facto do que aprenderam não ser o que iam aplicar na realidade, “é assim um bocadinho diferente”, adverte.
Com perspetivas diferentes, Joana Carvalho e Ana Catarina Silva falam sobre a sua visão sobre estágios não remunerados. “Pessoalmente, os estágios não remunerados não me incomodam, porque fi-los e consigo compreender porque é que algumas empresas dão essa oportunidade. Se calhar passar um verão da nossa vida a estagiar durante a altura da universidade não nos vai custar tanto e esse estágio pode ser a diferença no nosso currículo no futuro”, explica a ex-aluna de Ciências da Comunicação.
Por outro lado, Ana Catarina Silva admite ter começado logo de início a negar-se a um estágio em que não lhe pagassem. “Eu acho que não faz qualquer sentido não recebermos nada em troca do que fazemos. Estamos a aprender, mas isso vamos fazer agora e sempre. Não faz sentido trocarmos o nosso tempo por zero”, alega a ex-estudante de arquitetura.
Ângela Monteiro acredita existir duas peças-chave “essenciais” para complementar o curso: o associativismo e a língua inglesa. “Quando os meus professores do secundário me disseram que era muito mais importante aquilo que fazíamos fora da sala de aula na universidade do que dentro, tive dificuldade em acreditar. Mas quando comecei a perceber que realmente havia um mundo, principalmente na UMinho, percebi que isso me ia trazer imensa coisa”, conta a aluna de mestrado.
Simultaneamente, Rui Pedro Lopes aconselha aproveitar as oportunidades que existem nos estágios. “Eu percebo que custa. Passamos dez meses agarrados a livros e depois temos aqueles três meses de calor para aproveitar. Mas eu acho mesmo que, para além de estudar e da experiência na universidade, os estágios são mesmo algo que nos acrescenta e que nos dá imenso valor”, garante o aluno de mestrado.
“Não podes parar só porque ouviste um não ou porque alguém te criticou. Todos os recém-licenciados devem estar habituados às críticas e isso não significa que somos maus”, relata Joana Carvalho. “Tens de ver o trabalho algo para além do trabalho. Tens de chegar ao fim do dia e sentires-te realizada. Ir além do que estamos habituados”, adiciona a ex-aluna. Ana Catarina Silva reforça ainda a importância que o programa Erasmus+ tem no percurso académico e currículo dos alunos.
Artigo por: Maria Carvalho e Mariana Festa