O tema da abstenção já não é novo, mas alguns de vocês, que abriram este editorial, devem ter ficado a pensar no que seriam as Eleições do Conselho Geral. Outros, devem saber do que se trata e abriram porque se interessaram. No entanto, este editorial é mais para aqueles que não sabem o que é e para aqueles que continuam sentados no sofá à espera de que o X se escreva sozinho.

Estamos a dois dias do momento em que podemos eleger um dos órgãos mais importantes da nossa academia: o Conselho Geral. Alerto que isto só acontece de dois em dois anos. No entanto, temos vindo a assistir a uma rematadora maioria da parte da abstenção. Não culpo os alunos da academia minhota, visto que isto é um panorama geral em Portugal.

Em 2019, para estas mesmas eleições, tivemos uma única lista candidata: a lista encabeçada por Nuno Reis, que na altura era também presidente da AAUMinho. De 19 mil estudantes, 284 votaram. Desculpem, mas vou repetir: 284 alunos votaram. Como se não bastasse, deste número, 43 votos foram em branco. Portanto, numa altura em que se já usava o e-votUM, a lista foi eleita com apenas 241 votos.

As eleições presidenciais deste ano não nos dizem outra coisa. Tivemos uma abstenção de 60,7%, o maior número de sempre. Isto é um dado preocupante que normalmente tem resposta do género: “já se sabia que ia ser assim”.

Na altura, o título de um jornal nacional foi: “Abstenção bate recorde, mas não chega a cenário catastrofista”. Acho que isto menospreza a situação e aquilo que é o nosso direito ao voto. Mais de metade dos portugueses não terem ido votar é, por si só, um cenário catastrofista.

Na nossa geração, nunca tivemos de lutar por um único direito e, quando temos a oportunidade de exercer o maior deles todos, o de votarmos livremente, escolhemos não o fazer. Mas afinal o que é que se passa? Já em 2019 se fazia estas perguntas e eu quero reforçá-las: “Porque é que haveríamos de menosprezar esse direito que tantas vidas custou? Não devíamos, mas o que acontece é que nos damos ao luxo de simplesmente não irmos votar. Ou porque a preguiça vence, ou porque está um dia de sol incrível e ninguém está para se incomodar e ir votar, ou porque simplesmente não sabemos em quem votar”. Parece que estamos todos numa apatia política.

Então, será que a culpa também é dos media? Este ano, assisti aos debates e entrevistas que os meios da comunicação social fizeram e lembro-me de ter jornalistas a comentar: “muito provavelmente o Marcelo Rebelo de Sousa será reeleito”. Mas esta probabilidade veio de onde? Se veio das sondagens, lamento informar, mas sondagens são apenas isso e não o resultado de cada “X” na hora de votar. Estou ainda a tentar entender por que razão nos deixamos ser uma marioneta nas mãos dos que já têm poder.

Mas, voltando ao assunto do Conselho Geral. Este ano, ano ainda de pandemia, nota-se uma maior nuvem de interesse à volta deste assunto. A razão pode ser dada à candidatura de novas listas e da maior mediatização, assegurando que os alunos minhotos têm as ferramentas necessárias para estarem bem informados. Mas a minha pergunta é mesmo esta: será que as novas listas vão arrematar a maioria que tem vindo a ser da abstenção? Parece que só saberei quando saírem os resultados.

Esta decisão pode influenciar a escolha de um (novo) reitor no próximo ano. Tu, que tens publicado instastories sobre a má gestão da reitoria quanto às propinas ou quanto à pandemia, podes este ano, através do teu computador, dar voz aos teus ideais e mostrar o teu (des)contentamento para com tudo o que tem acontecido.

Eu própria também só descobri o que é o Conselho Geral este ano. Talvez porque as eleições ocorrem de dois em dois anos e só agora é que o assunto veio ao de cima. Mas ainda recebo mensagens a dizer: “mas afinal o que é isso?” ou “eu nem sabia que isso existia”. E estamos a dois dias das eleições. A dois dias do momento em que podemos eleger um órgão cujos princípios achamos corretos para poderem aprovar alterações aos Estatutos que regem a universidade, eleger o reitor, avaliar os atos do reitor e do Conselho de Gestão e propor ao Governo os membros do Conselho de Curadores.

Relembro que todos os alunos inscritos na Universidade do Minho possuem o direito de voto nas eleições para o Conselho Geral. O sistema de votação vai ser o e-votUM, que possui características do voto tradicional, tal como o anonimato, a unicidade do votante e ainda a possibilidade de votar em branco – deixando o boletim vazio. Para exerceres este direito, poderás autenticar-te no site da e-VotUM e votar em qualquer lugar, se o teu nome constar nos cadernos eleitorais.

Por isso, procura pelas listas e informa-te do que cada uma defende para que esta quarta-feira vás votar e para que, acima de tudo, vás votar consciente da tua decisão. Depois, não te adianta publicar memes sobre o quão insatisfeito estás com a Universidade.