Mothica lançou, esta sexta-feira, o  Forever Fifteen novo projeto. O EP conta com seis músicas nas quais a cantora celebra o facto de estar viva e sóbria. O primeiro single, que dá nome ao álbum, foi lançado no décimo aniversário da tentativa de suicídio de Mothica. Tendo sucedido, ficaria presa nos 15 anos de idade. A artista felicita-se a si mesma por estar cá e convida-nos para a festa.

Após ter feito furor no Tiktok, a cantora lançou o álbum de estreia em agosto do ano passado. Menos de um ano depois, presenteia o público com nova arte. Descreve cada parte deste novo projeto com uma palavra ou pequena frase: a forever fifteen, música de arranque, atribui a palavra “crescimento”. Vingança, reflexão e aceitação definem as três faixas seguintes, respetivamente. Segue-se um tema dedicado aos nossos instintos e, a encerrar o EP, uma canção sobre se sentir livre.

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“Funhouse” conta com a colaboração de Kailee Morgue e faz lembrar Melanie Martinez, tanto pelo ritmo como pela letra. Naquilo que parece ser uma carta honesta sobre a dependência, fala do quão diferente a realidade se torna quando está sob o efeito de drogas: “what I see isn’t me, it’s distorted, I can never tell what’s real”. A artista está sóbria há pouco mais de um ano, após uma década a combater o vício.

Em “Upside”, útima faixa do EP, apresenta um ponto de vista positivo face os eventos traumáticos por que passou. Começa por dizer que não há nada que possa ser feito para a salvar e acaba a cantar, numa certa euforia, que nunca ninguém a vai voltar a magoar. Já tendo passado pelos piores cenários possíveis, sente-se abraçada por uma sensação de liberdade.

Não obstante a profundidade das letras, o ritmo mantém-se leve e descontraído do princípio ao fim. A dor é passada através das palavras, facilmente ficando despercebida a quem se focar apenas na melodia. A presença de vários instrumentos, com especial atenção à guitarra, ajuda o som de Mothica a roçar a perfeição.

Temas como o suicídio não são para toda a gente, mas agradar a todos não é, de todo, o objetivo deste EP. A artista fala para um grupo específico de pessoas: aqueles que, tal como ela, acreditam não fazer falta. De modo a provar-lhes que não estão sozinhos, pediu aos fãs que partilhassem consigo as suas histórias menos positivas. Após receber mais de dois mil contributos, imprimou e espalhou pelo chão a fotografia de todos os envolvidos. A iniciativa visa mostrar-lhes que há sempre ajuda disponível: basta sermos capazes de a pedir.

A obra é consistente, honesta, vulnerável, forte e única. Mothica dá voz a problemas que precisam de ser discutidos e traz esperança de um melhor futuro.