O painel que encerrou o evento contou com cerca de 150 participantes.
As III Jornadas de Ciência Política, organizadas pelo Núcleo de Estudantes de Ciência Política, terminou esta quinta-feira e teve como tema “Autárquicas e Marketing Político em Tempos de Pandemia”. O último painel contou com a presença de Custódio Oliveira, professor de Ciência Política na Universidade do Minho, João Pacheco, membro da Câmara Municipal de Fafe, e Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga. O evento realizou-se em formato online através da plataforma Zoom.
As novas tendências da comunicação política acentuaram-se com a pandemia da Covid-19. Neste sentido, Custódio Oliveira enumerou algumas das mudanças sentidas como a celeridade com que se produz e descarta conteúdos, a importância da comunicação interna enquanto “base da comunicação externa” e a utilização da rede social Twitter como meio difusor político. Adotou, no entanto, uma perspetiva positiva perante estas alterações, uma vez que acredita que tempos de crise são uma oportunidade para novas dinâmicas sociais e económicas.
Por outro lado, João Pacheco sublinhou aspetos menos positivos da migração das campanhas políticas para o formato digital. Considerou que o foco na imagem do candidato pode promover “um vazio do conteúdo” e uma desvalorização das propostas. Além disso, referiu a facilidade de ampliação de fakes news a nível local, que têm consequências diretas nas campanhas. João Pacheco afirmou ainda que as redes sociais são falaciosas. Neste ponto, explicou que um assunto mais fraturante suscitado por uma candidatura pode gerar reações e comentários, no entanto “maior interatividade não significa maior fidelização ou voto”.
Ricardo Rio realçou a importância das campanhas presenciais no contexto das autárquicas. Estas eleições em particular caracterizam-se por uma “relação quase afetiva entre as pessoas e o candidato” e eventos como o São João e a Noite Branca em Braga são importantes variáveis na proximidade com as pessoas. “É obvio que todas as forças politicas vivem deste tipo de manifestações e envolvimento popular”, rematou. Como explica a atividade das III Jornadas de Ciência Política, em tempo de pandemia, as campanhas são maioritariamente digitais e a mobilização de eleitorado torna-se um desafio.