O foco principal da conversa caiu sobre a elevada abstenção dos estudantes habitual nas eleições do Conselho Geral.
As eleições para o Conselho Geral realizam-se no próximo dia 17 de março. O ComUM esteve à conversa com o presidente da Comissão Eleitoral, João Álvaro Carvalho, professor do departamento de Sistemas de Informação da Escola de Engenharia, para explicar melhor como funcionam as votações.
ComUM – Qual é o papel de um presidente da Comissão Eleitoral?
João Álvaro Carvalho – O papel de um presidente da Comissão Eleitoral é fazer a coordenação dos trabalhos. Acaba por ter um papel mais ativo, não só por via dessa responsabilidade da coordenação da Comissão Eleitoral, mas também, porque há algumas pequenas tarefas que acabam por pertencer ao presidente. Obviamente que depois acaba por haver aqui alguma latitude. Um presidente mais ou menos proativo dará um bocadinho mais de margem para as responsabilidades que acaba por assumir.
ComUM – Há dois anos, as eleições para os representantes dos alunos contaram com a participação de apenas 284 estudantes. Que possíveis razões aponta para a pouca adesão dos alunos a estas eleições?
João Álvaro Carvalho – É muito difícil motivar os estudantes a participar. Se formos perguntar aos estudantes o que é que eles acham do trabalho do Conselho Geral, admito que muitos nem sequer estão cientes da existência deste órgão. Na sequência disso, admito que há algum desinteresse. Depois há a questão de que toda a divulgação que é feita da eleição passa a ser feito por meios digitais e também tenho noção que muitos estudantes nem se dão ao trabalho de ir ver as caixas de correio institucional ou não o fazem intencionalmente porque já perceberam que no e-mail institucional vão ter muitas mensagens que não lhes interessam nada e é uma maneira de filtrarem as mensagens. Portanto, a eleição passa-lhes despercebida.
Quando a eleição envolvia uma mesa eleitoral num local público ainda iam passando estudantes e se calhar até viam, perguntavam e iam votar. Com a votação eletrónica isto pode passar muito despercebido, portanto este geral desinteresse pela eleição de representantes na universidade não proíbe que, sendo um período relativamente curto na vida de um estudante nem se preocupem com isso. Percebo que é muito difícil motivar os estudantes. Depende obviamente da disputa que se instala entre os estudantes e do modo que eles conseguem motivar os seus colegas a participarem, mas julgo que é uma questão crônica na universidade.
O Conselho Geral, este órgão básico da estrutura de governação da Universidade do Minho, acaba por passar ao lado de muitos estudantes e eu julgo que a elevada abstenção estará relacionada com isso.
ComUM – O que acha que vai acontecer este ano, altura em que só se pode contar com a votação através do eVotUM?O facto de haver 3 listas concorrentes pode significar menor taxa de abstenção?
João Álvaro Carvalho – Num momento de confinamento, o facto de se poder votar eletronicamente é uma facilidade e o votar pode ser feito a partir de um dispositivo móvel.
Estou curioso para comparar com as anteriores eleições e ver o que vai acontecer. Numa situação em que os estudantes estão a frequentar o campus, eu julgo que será mais fácil de se cruzarem com a existência das eleições. Não estando isso a acontecer, será através das mensagens que recebem da Comissão Eleitoral no email institucional. Se os estudantes não prestarem atenção, não vão reparar nelas.
Admito que o facto de a votação ser eletrónica potencia o aumento do votos, sobretudo numa altura em que os estudantes, e todos de uma forma geral, não frequentam o campus. Mas não estou muito à espera de uma mudança significativa face às eleições anteriores.
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Artigo por Luísa Machado e Mariana Festa