No mês em que se celebra o Dia Mundial do Teatro, o ComUM falou com a atriz Melânia Gomes, que atualmente faz parte do elenco da telenovela Amor Amor.
Melânia Gomes nasceu em Tomar a 1 de outubro de 1984, mas aos quatro anos mudou-se para Viana do Castelo, cidade com a qual ainda tem uma ligação inabalável. Sempre que pode faz parte das festas populares e vive-as “como minhota, como vianense e como qualquer um que vibra” com as romarias.
As principais memórias de Viana do Castelo
Quando era criança, decorava textos de Raul Solnado e cenas de programas de televisão que representava para a sua mãe. Esta acabou por inscrever a filha no grupo de teatro amador “O Trapo”, que era dirigido por atores profissionais do Teatro do Noroeste. Com apenas nove anos, fez a sua estreia a nível “profissional” na Madeira, numa peça de O Velho da Horta. Melânia considera que na sua infância era já uma “empreendedora”, organizando festas e espetáculos na escola e encenando para os seus colegas.
Apesar da atriz ter estudado teatro na escola, acabou por não ir para o Conservatório. O seu “plano B” era Sociologia na Universidade do Minho, mas confessa que “não correu bem”. Foi ainda em Viana que soube de uma audição na Academia de Santo Amaro, em Lisboa, onde começou a fazer teatro amador de Revista. Na altura, a única referência que tinha deste género teatral eram os programas televisivos protagonizados por Marina Mota, dos quais destaca Marina Dona Revista.
Depois de alguns anos a fazer teatro de Revista no Parque Mayer, Melânia ganha o Prémio Máscaras de Ouro em 2008. Diz ter-se sentido “lisonjeada” e muito grata, pois trata-se de uma distinção que já foi atribuída a grandes nomes, como Eunice Muñoz, Ruy de Carvalho e Simone de Oliveira. Outro momento da sua vida que guarda com “muito carinho” é a primeira grande aparição em televisão, na série da SIC Camilo em Sarilhos. A partir daí começa a ser mais reconhecida pelos telespetadores, participando em várias sitcoms e telenovelas nos canais generalistas.
No início deste ano, a atriz regressa à SIC com Amor Amor, na qual interpreta Rute Fernandes, a empregada doméstica do protagonista da novela. Para Melânia, este é o papel que lhe “está a dar mais gosto de fazer” e que lhe dá a possibilidade de mostrar bastante mais do que apenas as suas “ferramentas na comédia”. O feedback do público, e mesmo dos seus colegas, tem sido muito positivo. Para além de estar a “surpreender” os portugueses com um registo “mais dramático” e sério, a atriz diz que o facto de ter cantado o genérico da telenovela na semana passada foi também uma surpresa para muitos.
A nova personagem em televisão
Melânia é mais conhecida por dar vida a personagens cómicas e despreocupadas, tanto no teatro, como na televisão e no cinema. Em 2013, fez o seu primeiro papel mais relevante no grande ecrã com a comédia 7 Pecados Rurais, pelo qual ganhou o Prémio Áquila de Melhor Actriz de Cinema. O humor, para além de estar constantemente presente na sua vida profissional, tem também o “papel principal” no seu dia a dia. A atriz diz que este faz parte do seu ADN desde que se lembra e que a ajudou a “resolver traumas, a superá-los e a lidar com a vida”.
Sou uma pessoa muito positiva e muito bem disposta, que sempre utilizou o humor como arma para viver.
Quando a pandemia adquiriu proporções maiores em Portugal, foram vários os setores que tiveram de parar, incluindo a cultura. Melânia encontrava-se nessa altura em digressão com a comédia Ding Dong, que foi cancelada. No entanto, surgiram-lhe novos projetos, como a participação em Amor Amor. A atriz refere que na rodagem da novela, os atores apenas retiram a máscara para gravar as cenas, são constantemente testados e seguem protocolos de higiene. Para a atriz, houve mudanças “muito positivas” que certamente se irão manter após a pandemia. “Agora cada ator tem a sua caixa, a sua maquilhagem e um camarim individual”.
Durante esta fase mais difícil para todos, Melânia refere que é importante que as pessoas com um número significativo de seguidores partilhem mensagens positivas e de força. Não se considera influencer, pois “não vive disso”, mas fica “feliz” com a atribuição do termo e não o considera minimamente pejorativo. A artista acredita que todas as situações têm a sua parte “boa” e “má” e que “depende de nós decidirmos o que devemos valorizar”. Para além de tentar ajudar os seus seguidores a aceitarem-se como são e a tolerarem o outro através das redes sociais, trabalha também com marcas que lhe “fazem sentido” e com as quais se identifica.
A importância de influenciar positivamente
Outro projeto para o qual a atriz foi convidada no ano passado, foi uma comédia policial, em que faz o papel de uma vilã traficante de droga. Melânia Gomes diz que o filme, que já só deverá estrear em 2022, é “um disparate pegado, mas está muito bem feito”. Fez ainda a dobragem de “uma velhota cheia de genica” para o filme de animação Upsss! 2: A Aventura Continua, que poderá ser visto no grande ecrã a partir do dia 8 de julho. Para a atriz, é muito bom ter a oportunidade de representar “alguém que não é” e de dar asas à criatividade.
É para isso que nós [atores] vivemos, para fazer de conta. Não de conta, mas para ser de verdade um outro, a cada momento e em cada arte.
Quanto a iniciativas relacionadas com Viana do Castelo, Melânia revela que se encontra tudo em standby, mas acredita que “a situação melhore e que seja possível fazer a romaria”. Apesar das Festas d’Agonia não terem saído à rua no ano passado, participou num videoclipe que promovia as mesmas, no qual vários artistas interpretaram a música “Havemos de ir a Viana”. A atriz diz que a sua “ligação forte” com o Alto Minho se “estende do pessoal ao profissional” e que abraça sempre a cultura portuguesa “com muito carinho”.