Dia 29 de janeiro de 2021, Celeste lançou Not Your Muse. Este álbum é o debut da cantora britânica e foi reagendado múltiplas vezes devido à pandemia.

De modo geral, Not Your Muse aborda temas simples como amor e situações quotidianas, mas há exceções. A maior parte do som remete para uma tarde de lazer em casa ou um convívio com amigos à volta da fogueira. O tom do álbum é altamente influenciado por R&B, jazz e soul, mas lembra a icónica livestream do Youtube “lofi hip hop radio – beats to relax/study to”.

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Passando para a performance de Celeste, a voz da cantora é simplesmente encantadora. Suave, ágil e versátil são apenas alguns dos adjetivos que podemos usar para descrever o talento que ouvimos neste projeto. Uma característica desta voz é aquele tom de “indie girl” que reconhecemos de artistas como Halsey ou Luísa Sobral.  No entanto, Celeste quebra o molde, servindo este tom mais suave em combinação com tons mais fortes.

O álbum abre com “Ideal Woman, que fala sobre os ideais femininos na cultura humana. Desta forma, Celeste diz que não se vai submeter aos moldes socialmente construídos daquilo que uma mulher deve ser. A cantora diz “posso não ser a mulher ideal (…) mas, por favor, não me confundas com alguém que quer saber”.

O ritmo lento e os temas mais calmos são postos em pausa durante as faixas três e quatro do álbum, “Tonight Tonight” e “Stop This Flame”. Estes temas entram em jogo com influência pop e ritmos mais mexidos. O assunto acompanha esta mudança tornando-se claro que Celeste fala sobre se divertir, aproveitar a vida e amar intensamente. Enquanto o esperado são álbuns com grande energia a fazer pausas para descansar, Not Your Muse faz o contrário.

Na música “Strange”, ouvimos um assunto semelhante ao single “Small Talk” do álbum Smile de Katy Perry. O conceito deste tema é a observação da mudança das relações que temos com os outros. A cantora questiona-se se “não é esquisito como as pessoas podem mudar de estranhos para amigos e de amigos para amantes e estranhos, outra vez?”.

Chegamos ao final com a música “Some Goodbyes Come With Hellos”. É apenas indicado terminar a sessão com um tema sobre despedidas. Celeste canta sobre as incertezas da vida, a ideia de que não podemos ter tudo o que queremos e, muitas vezes, temos de escolher a opção que menos nos agrada. Temos de dizer “adeus” a umas coisas para podermos dizer “olá” a outras.

Este álbum é uma obra de arte pura. É calmo, subtil e transmite um ambiente muito específico, o que é bom. No entanto, não é interessante. Não há (muita) mudança de intensidade, se não contarmos com “Tonight Tonight” e “Stop This Flame”. Acaba por parecer que estamos a ouvir a mesma música 10 vezes, o que pode ser bom, se for isso que se procura.