Garantir o conforto dos estudantes dentro da Universidade e zelar pela sua formação enquanto profissionais e cidadãos é um dos grandes objetivos da lista A.
O candidato da lista A para o Conselho Geral, atual presidente da Associação Académica da Universidade do Minho, pretende dar continuidade ao trabalho que tem vindo a desenvolver na UM. Em entrevista ao ComUM, Rui Oliveira destacou os principais objetivos e ideais da lista. Sublinhou a “visão estruturada para o futuro”, que acredita ser a ideia base.
A lista A debruça-se sobre os “problemas dos estudantes”: alojamento, abandono escolar, ação social, a implantação de hábitos de vida saudáveis, saúde mental. Foca-se numa reforma educativa das infraestruturas, que permitam acompanhar a evolução da universidade.
ComUM: Sendo já presidente da AAUM, o que te levou a candidatares ao Conselho Geral?
Rui Oliveira: Sendo já presidente da AAUM e conselheiro no Conselho Geral da Universidade do Minho, acredito que é preciso continuar uma parte importante do projeto que se tem vindo a afirmar. Mas, principalmente, acredito que devemos ser capazes de colocar novas questões em cima da mesa, havendo algumas mais prioritárias. É o caso do abandono escolar, que ganhará um novo relevo e uma maior importância ainda, dado que estamos possivelmente à porta de uma nova crise social e económica. Há uma visão que temos nesta lista e por isso consideramos fundamental participar nessa discussão, no órgão máximo de decisão.
Eu, como presidente da Associação Académica, mas, mais do que isso, estando já a participar no Conselho Geral, acredito que deve ser continuada essa representação de trabalhar muitos dos temas como: a universidade ser participada, ter qualidade naquilo que é, nos métodos de ensino e na renovação dos mesmos, a ação social e os respetivos serviços. É preciso continuar a construir uma visão para a universidade.
ComUM: A abstenção nas últimas eleições foi elevada. Este ano é tudo realizado online, pensas que isso poderá afetar a abstenção (positiva ou negativamente)?
Rui Oliveira: Eu penso que este ano, naturalmente, deverá haver menos abstenção porque há mais listas candidatas. Além disso, há uma diferente mobilização. Este é um ano em que existem, além dos estudantes, docentes, investigadores e trabalhadores técnicos administrativos e de gestão, criando outra dimensão. Na eleição intermédia, como a de há dois anos, os alunos são uma concorrência sozinha e, tipicamente, pode haver maiores problemas de abstenção. Como há mais listas para os alunos, creio que esse não será um problema. Acho que as três listas se estão a ajustar ao digital e a fazer esforços nesse sentido. Perante uma envolvência diferente, com mais listas, e não pela questão de ser online, acredito que a abstenção vai diminuir. Esperamos que os alunos da Universidade do Minho se habituem cada vez mais ao eVotUM e participem mais vezes, percebendo que isso facilita a votação.
ComUM: De que forma os estudantes se podem informar para votar com consciência?
Rui Oliveira: Para votar na lista A, podem informar-se pelas redes sociais, tanto pelo Facebook como pelo Instagram. Temos estado ativos e vamos lançar também mais uma ferramenta que pode ajudar na clarificação de tudo o que defendemos. E temos o site, onde está altamente explícito aquilo que são as nossas defesas e os nossos interesses para o Conselho Geral. Por isso, acredito que estes três locais são fundamentais.
No eVotUM há uma ficha simplificada dos nossos princípios orientadores. No fundo, é um mini resumo do nosso manifesto. O manifesto completo encontra-se no site.
ComUM: Um dos principais focos da lista A é a melhoria dos espaços de estudo para os alunos. A que tipo de melhorias se referem e como pretendem pô-las em prática?
Rui Oliveira: Não é apenas uma melhoria dos espaços para os alunos. Nós temos um conceito de universidade, enquanto Universidade do Minho, de qualidade, que tem todo um conjunto, uma visão. Nós acreditamos que uma universidade não é como uma escola secundária ou básica, em que nós vamos à sala de aula para ter a aula e vimos embora. Esse não é um conceito de universidade. Uma universidade é um local de estar, um local de partilha, de convívio, que permita interação. Deve haver um conjunto de ferramentas de apoio fundamentais para o apoio à atividade letiva. Estamos a falar de cantinas, do alojamento, dos serviços de saúde, desportivos. Todos esses apoios devem estar ao dispor e ter qualidade, para que os alunos que vêm para cá, ou que usam a universidade, tenham esse acesso.
Para além de tudo isto, dentro da sala de aula é fundamental ter um ensino de qualidade e uma reforma de um ensino de qualidade. É necessário alterar aquilo que são métodos educativos e de avaliação para métodos mais modernos. Não temos dúvidas de que a Universidade do Minho é uma universidade de caráter e matriz presencial, mas isto não quer dizer que não tire proveito daquilo que é a sua utilidade de meios digitais, para conseguir ter um melhor modelo de ensino de aprendizagem e avaliação. Como deve tirar proveito dos meios digitais, estas alterações e reformas, que são necessárias, precisam de ser acompanhadas por espaços que tenham qualidade. Com outros presidentes de associações académicas e com outras universidades, partilhamos muitas vezes que as universidades hoje têm menos condições do que tem as escolas secundárias ou básicas. Isto diz respeito à projeção, à necessidade de quadros interativos e de meios digitais para a lecionação nas salas de aula. A própria Universidade do Minho vai agora criar uma sala que é vocacionada para essa aprendizagem, para a interação digital e trabalho em grupo durante a aula, localizada no piso 2 do CP2.
Além disso, é preciso que existam, fora da sala de aula, infraestruturas que permitam aos alunos ter bibliotecas, espaços de estudo, espaços de convívio, espaços que tenham qualidade para atrair. Devem ser atrativos, para que as pessoas queiram estar na universidade, e porque têm conforto, encontrando lá pessoas com quem possam dialogar e conversar. Se nós não criarmos estes sítios atrativos dificilmente vamos conseguir trazer as pessoas para cá.
ComUM: Tanto a lista B como a lista C apresentam como grande objetivo a redução ou até o fim da propina, culpando-a de ser um dos maiores obstáculos de acesso ao Ensino Superior. Qual a tua posição relativamente a este tópico?
Rui Oliveira: Nós defendemos o fim de qualquer propina, basta ver quais são as posições tomadas até agora em sede de Conselho Geral da votação. É esse o compromisso que temos no nosso manifesto, que lutaremos sempre contra a propina. Não é só a lista B e a lista C, é clara para nós a nossa posição sobre a propina.
ComUM: O mandato do atual reitor está a terminar e a escolha de um novo reitor é um dos poderes do Conselho Geral. Ponderam alguma mudança no que lhe diz respeito no caso de ganhar as eleições?
Rui Oliveira: Gostaria de referir uma questão essencial: nós candidatámo-nos há dois anos e não era uma eleição para o reitor. Era só para o Conselho Geral, e é por isso que nos candidatamos outra vez, porque queremos estar no Conselho Geral a discutir o futuro da universidade, e esse é o principal foco que esta lista tem.
Claramente há uma discussão sobre o reitor que vai acontecer em breve. Até ao momento existe uma pessoa que se candidatou mas não acho que tenha que ser, nem a lista A apoia diretamente esta candidatura. A lista A defende que existe um modelo que gostaria de ter como reitor: uma pessoa experiente, capaz de ser sensível aos assuntos dos estudantes e de perceber as dificuldades que os estudantes colocam. A própria lista dos professores, pela maioria que tem em Conselho Geral, deve ser capaz de perceber estas dificuldades, em relação aos custos, de preocupações da ação social. Porém, poucas vezes os vemos a fazê-lo.
Por isso, a lista A terá que analisar os diferentes perfis e candidaturas que existam à reitoria. Terá sempre uma postura crítica e que olhe para aquilo que é a melhor oferta para os estudantes. Deixo um desafio às próprias listas dos docentes: sejam mais vezes capazes de olhar para aquilo que são os problemas dos estudantes.
ComUM: O que é que a lista A pretende fazer em prol da Academia e dos estudantes?
Rui Oliveira: A lista A pensa que a Universidade deve ter uma visão estruturada para o futuro e deve desde já caminhar para lá. Para nós esta visão do futuro tem de ser centrada naquilo em que estão os estudantes e é, por isso, o nosso lema. Temos de começar a caminhar para esse futuro, para uma universidade que seja competitiva, no sentido de provocar uma satisfação nas pessoas que fazem parte dela.
Além de olharmos para a frente, temos de olhar para o que se passa no momento. Há dificuldades que nós não podemos deixar de assinalar, como o alojamento, dado que é necessário aumentar o número de camas e melhorar as condições das residências; a questão da reforma educativa, a desilusão com os projetos educativos, que vemos muitas vezes os alunos a sentir. É fundamental que debruçarmo-nos sobre este tema do abandono escolar de uma maneira mais especial.
Algo que tem sido pouco falado, e que nos preocupa, são os financiamentos dos serviços de ação social. Ao hipotecar estes serviços estamos a hipotecar aquilo que são as cantinas, alojamento, serviços de saúde e do desporto. E, muitas vezes, quando baixamos os serviços de ação social estamos a hipotecar duas coisas: a qualidade e o aumento dos custos para a vida dos estudantes. Não pode dar-se a diminuição da qualidade nem o aumento dos custos dos estudantes. Por isso, acreditamos que a universidade deve ter um reforço naquilo que são os serviços de ação social. Ou seja, deve formar um cidadão que, para além da parte profissional e técnica, seja capaz de ser uma pessoa com comportamentos e hábitos de vida saudáveis – uma das coisas que o ensino superior não faz.
O ensino superior é pouco promotor de hábitos de vida saudável, de prática de exercício físico regular, de alimentação saudável e de descanso, que muitas vezes afetam a saúde mental e, consequentemente, a física. Este é um momento privilegiado para todos nós, para adotarmos esses hábitos positivos. O ensino superior deve ser um momento importante para aprender comportamentos sustentáveis, culturais, a nível da tolerância, seja ela de gênero, racial, religiosas, das mais diversas.
Ao ser uma universidade do futuro, esta deve criar cidadãos e não unicamente um centro de formação e, por isso, deve estar pensada neste enriquecimento. Não desvirtuando a parte de formação, que é fundamental na universidade. Nós defendemos a ligação com empresas e instituições externas, possibilitando a interação com os alunos, dando-lhes experiências positivas. Porém, de maneira alguma, podemos pôr em causa a autonomia pedagógica e científica das instituições.
Temos de conseguir que toda a gente que queira fazer parte da universidade possa fazer, sendo isso um trabalho principalmente do Estado português. A ação social não pode unicamente servir para a propina, e temos alertado para isso. Temos, por isso, que ser mais fortes a nível da ação social, com respostas mais rápidas e com apoios mais direcionados.
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Artigo escrito por Lara Duarte e Maria Barroso Fernandes
Edição vídeo: Soraia Santo