Uma Repetição Perfeita estreou em fevereiro na Amazon Prime Video. A obra cinematográfica conta a história de dois adolescentes que se veem obrigados a viverem, repetidamente, o mesmo dia. Sem entenderem a razão e o objetivo da força misteriosa por trás da experiência, os jovens decidem criar um mapa, único e muito especial.

O filme apresenta-nos a perspetiva de Mark (Kyle Allen), um rapaz que vive preso, mas satisfeito, num loop. Este ciclo dura 24 horas e repete o mesmo dia, no qual Mark é o único que percebe o déjà vu.

No entanto, o mundo que ele tomava como certo, vira de “pernas para o ar” quando conhece a misteriosa Margaret (Kathryn Newton), também presa no ciclo temporal. Apesar da hesitação inicial da rapariga, Mark e Margaret formam uma parceria com o objetivo de encontrar todas as pequenas coisas que tornam aquele dia perfeito, criando, assim, um mapa nunca antes visto. O que se segue é uma história de amor com uma reviravolta fantástica, enquanto os dois lutam para descobrir como e se  escapam do dia sem fim.

A longa-metragem está repleta de todo um conjunto de características que interessam estar presentes num bom filme, como o humor, arte, romance, tragédia, sucesso, cavalheirismo, amizade, conflito, generosidade, simpatia, empatia e gentileza. Além disso, adiciona-se à lista algo que não é comum nos filmes românticos, a física. Margaret tem um fascínio pela ciência que, inclusive, a vai ajudar a tentar perceber o que se passa. Deste modo, torna-se, então, um filme perfeito para amantes da razão e do coração, algo raro.

É verdade que a temática do loop temporal já foi usada várias vezes. Contudo, esta obra cinematográfica desfaz, certamente, o mito de que é um assunto “gasto”. Assim, apesar de não ser uma novidade, a trama foi trabalhada de modo a oferecer uma jornada psicológica e emotiva ao espetador. De um tema familiar é contruído todo um charme que oferece aos protagonistas momentos agradáveis e ​​fazem com que o público queira acompanhar as suas aventuras.

A grande lição do filme não se limita aos motes deste tipo de obras cinematográficas como o clássico ensinamento para aproveitar o dia, mas sim dar importância às pequenas coisas, que se tornam perfeitas ao longo do dia. Dentro desta ideia existe uma outra, ainda mais profunda e emocionante. É-nos relembrado da verdade universal, “nem sempre é sobre ti”, que muitos de nós se esquecem. Além disso, é também demarcado que os outros também vivem com problemas e que também sofrem.

Também o argumento é original, isto verifica-se desde o início do filme, na apresentação de como o Mark aproveita o dia, antes de conhecer a Margaret. Em vez de se filmar todo o dia e relatar todos os passos do adolescente, a obra começa com uma compilação inicial que agrupa vários acontecimentos, ao som de boa música – um início digno de um musical, mesmo sem as cantorias. O espetador fica desde logo interessado e com vontade de acompanhar o resto da longa-metragem. Pode-se, então, afirmar que a realização escolheu uma excelente banda sonora e, o mais importante, prestou atenção ao mais mínimo detalhe.

Concluindo, acredito mesmo que este filme vai-se tornar num clássico adolescente e, espero eu, que seja num futuro não muito distante. A obra cinematográfica fala-nos do viver no presente, de não sermos um mero passageiro ou observador no nosso mundo. É emocionante e recomendo a todos os que desejam ver um bom cliché, sem ser cliché, para que só o Mark e Margaret “sofram” de déjà vu.