X-Men: O Filme foi lançado em 2000 e impressionou os admiradores das bandas desenhadas e conquistou um número colossal de novos fãs. A obra cinematográfica é, não só o primeiro filme da saga, como também um dos propulsores que permitiu os filmes de super-heróis a terem a importância que têm atualmente.

Sendo um dos filmes pioneiros da Marvel, X-Men: O Filme é um clássico para os fãs da franquia. A narrativa ocorre num mundo em que humanos e mutantes vivem juntos. Neste, dá-se a luta dos mutantes, que não passam de pessoas que nasceram com algum tipo de habilidade sobrenatural, pela aceitação. Tudo começa no Congresso dos Estados Unidos, onde o Senador Robert Kelly (Bruce Davison) tenta que seja aceite uma lei que obrigue os mutantes a estarem registados como tal. Segundo ele, as pessoas devem ter a possibilidade de escolher se se recusam ou não, por exemplo, a ter professores que sejam mutantes a ensinar os seus filhos.

A posição dos mutantes quanto a este tipo de atitude divide-se em dois grandes grupos. Ao primeiro grupo pertencem aqueles que se revoltam contra os humanos e que se tentam vingar pelas barreiras que estes lhes impõem. Neste destacam-se Magneto (Ian McKellen) e Mística (Rebecca Romijn). Ao segundo, pertencem aqueles que procuram mostrar o quão valiosos os mutantes podem ser e como é injusto o modo como são tratados. Entres estes destacam-se os X-Men, um grupo que procura jovens mutantes para os treinarem e educarem, propagando a aceitação e a sua normalização. Os X-Men têm como líder o Professor Xavier (Patrick Stewart) e alguns dos seus membros são Tempestade (Halle Berry), Jean Grey (Famke Janssen) e Ciclope (James Marsden).

Magneto, com a ajuda do seu poder que lhe permite criar campos magnéticos, e servido do seu ódio profundo por humanos, procura vingar-se de senador e de todos os seus apoiantes. Para esse fim, sequestra-o e usa uma radiação experimental para o transformar num mutante, pois pensa que assim conseguirá fazê-lo perceber o quão duro é ser julgado e rejeitado pela sociedade. Enquanto isso, os X-men, incluindo os novos elementos, Rogue (Anna Paquin) e Wolverine (Hugh Jackman), preparam-se para ir contra as suas vontades e impedi-lo de fazer o mesmo com o resto dos humanos.

Os produtores da obra cinematográfica queriam mostrar, com X-Men: O Filme, que as adaptações de filmes de super-heróis não tinham de ser engraçadas e fúteis. Estes acreditavam que as personagens que evocavam tanta emoção nas bandas de desenhadas, podiam e deviam fazê-lo também num filme, mesmo possuindo características tão irrealistas. A verdade é que o conseguiram. A longa-metragem é um ícone dos filmes de super-heróis ainda hoje e certamente moldou a produção dos mesmos a partir daí.

X-Men: O Filme e todas as suas prequelas e sequelas retratam problemáticas reais, mesmo mascarando-as atrás dos mutantes. Já antes de se trazer a história para o grande ecrã, a saga dos X-Men sempre foi celebrada pelas questões sociopolíticas em que assenta. Os mutantes são muitas vezes vistos como uma metáfora para minorias étnicas ou qualquer outro grupo oprimido. Além disso, é de louvar uma franquia tão grande e antiga como esta por demonstrar tanta diversidade, tanto étnica como cultural.

Ainda que tenha sido lançado em 2000, o filme é definitivamente um visionário no que toca a efeitos especiais e pós-produção. Dentro do possível, os eventos são bastante realistas, sem serem exagerados como costumavam ser muitos dos filmes de ficção científica da altura.

Outro dos pontos mais atraentes da longa-metragem é, definitivamente, o elenco. O Wolverine de Hugh Jackman conquista a atenção de qualquer um. Já para não falar de Patrick Stewart e Ian McKellen, cujas personagens são interpretadas de forma exímia. Além disso, a relação de ambos é bastante cativante e percebe-se uma enorme cumplicidade apesar de serem rivais.

Contudo, é verdade que a longa-metragem da Marvel também possui as suas falhas. Existem muitas personagens e a cada segundo que passa está a ser apresentada uma nova. Deste modo, o foco do filme deriva um pouco da trama principal, sendo difícil concentrarmo-nos nos eventos que ocorrem. Isto acontece porque estamos demasiado ocupados a tentar perceber quem são todas aquelas caras e poderes e qual é a relação das personagens umas com as outras. Assim, todo este ruído visual faz com que se perca muita da emoção da história.

Deste modo, X-Men: O Filme apresenta-se indispensável para todos os apreciadores de super-heróis, pois foi este que marcou a nova geração deste género e permitiu que estes fossem levados a sério pelo público geral. A longa-metragem cativa pela positiva e é também algo revigorante por expor uma visão dos super-heróis tão diferente da usual, apresentando-os como vulneráveis e os renegados da sociedade.