Grito de Revolta estreou em 1995. Baseado numa história verídica, o filme revela-nos a atribulada vida daqueles adolescentes que não conseguem impor limites a si mesmos. Para acabar com a ideia ilusória de que é tudo um mar de rosas, Scott Kalvert surpreende-nos com a dura e crua verdade de que cada ato e cada escolha têm a sua respetiva consequência, seja ela boa ou má.
O que mais ansiamos, enquanto jovens, é viver a vida no limite, e este filme relata exatamente essa experiência e o quão trágica pode ser. Jim Carrol, adolescente com uma enorme paixão pelo basketball, sonhava em ser um jogador profissional, mas o seu grande entrave eram as drogas que consumia em conjunto com o seu grupo de amigos. O vício das drogas acarreta um mundo ainda mais grave, o do crime. Pensando que tinha controle sob a situação, tudo começa a ruir, é expulso da equipa de basket, perde o respeito pela mãe, perde tudo. Com a ajuda de Reggie, um amigo com um historial bastante parecido, Jim ganha coragem e o inesperado acontece.
A obra cinematográfica é encenada por um elenco rigoroso, com um historial bastante impressionante. Leonardo DiCaprio, a personagem principal, dá vida ao papel que mais alterações sofre no desenrolar da história, sendo, por isso, necessária uma grande maturidade e estabilidade emocional para poder fazer tal peça. Ernie Hudson é também um ator com grande estofo para encarar um papelão de diversão e, ao mesmo tempo, de preocupação. Apesar da maior parte do elenco ser adolescente, podemos dizer que isto indicia o início de várias oportunidades para as camadas jovens que se estrearam no mundo da encenação.
Outra vertente notável, é o facto de o filme abordar problemas de uma sociedade altamente dependente. Temos em primeira mão o corroer de várias vidas por causa das drogas, que no início são apenas por diversão, mas que começam a ser consumidas por gosto e vício. Estes momentos passam-se, essencialmente, em ambientes noturnos que indiciam roubo, perigo, prostituição e drogas. Em contraste, é-nos apresentado um personagem que deixa o mundo das drogas e é bem-sucedido profissionalmente. No momento de decisão, teve de fazer uma escolha que talvez lhe custou amizades, mas que foi para o seu bem. Esta cena ocorre num ambiente escuro, mas que aparece como uma luz ao fundo do túnel, por mediação de um televisor, causando reflexão ao protagonista.
As técnicas de edição foram exploradas profundamente ao ponto de fazerem de certas partes da obra cinematográfica, momentos hilariantes. Quando Jim e o grupo foram jogar sobre o efeito de drogas foi usado um slow motion que mostrava a desgraça dos jogadores que supostamente eram prós, mas que não passavam de uma vergonha quando vistos em campo. Todas estas quedas, desleixos e cegueira foi acompanhada ao som de “Riders on the Storm”, uma música que tornava o momento ainda mais cómico.
Rico em todos os aspetos, esta longa-metragem mostra-se essencial para elucidar mentes e dar a conhecer um mundo existente e perigoso, principalmente para os mais novos que por vezes não têm a noção do perigo. A verdade é que só abrimos os olhos com chapadas de luvas brancas, mas às vezes essas chapadas podem vir tarde de mais.
Título Original: The Basketball Diaries
Realização: Scott Kalvert
Argumento: Bryan Goluboff
Elenco: Leonardo DiCaprio, Mark Wahlberg, Ernie Hudson
EUA
1995